Rio - Detentos promoveram uma rebelião na Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, na madrugada deste domingo. Informações obtidas por O DIA apontam que duas pessoas morreram no local, no entanto, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e a Polícia Militar negam esta informação.
Enquanto a PM afirma que quatro pessoas ficaram feridas, a Seap diz foram três detentos feridos por bala de borracha, sendo um próximo ao olho, outro na perna e o último no braço e na perna. "Eles foram encaminhados ao Hospital Geral de Guarus, em Campos e passam bem", falou a secretaria. Os dois órgãos estaduais negam mortes no episódio. Segundo as informações, os dois mortos estariam em uma ala destinada a estupradores, que teria sido dominada pelos presos que realizaram o motim. Entre os presos da cadeia de Campos, estão criminosos de alta periculosidade da facção Terceiro Comando Puro (TCP).
O tumulto
Um grupo de presidiários conseguiu dominar a unidade, por volta das 3h de domingo. De acordo com a Seap, detentos de três das dez celas da unidade prisional teriam se recusado a cumprir ordens que lhes foram passadas, dando início ao "princípio de rebelião", que foi gerenciado e controlado pelo Grupamento de Intervenção Tática (GIT). Ainda de acordo com a secretaria, os 238 presos envolvidos foram identificados e levados à 146ª DP (Guarus).
Segundo a PM, 100 policiais do 8° BPM (Campos dos Goytacazes) trabalharam para conter a rebelião no presídio. "Os detentos quebraram luzes internas e paredes da unidade prisional e colocaram fogo em colchões", afirmou a corporação.
Como houve destruição das áreas dominadas pelos detentos, todos foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, ainda na tarde de domingo. "Cabe ressaltar que os internos das outras celas não aderiram a esse conflito", disse a Seap, em nota.
Revista íntima e scanner corporal
Segundo informações obtidas por O DIA, após a aprovação na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) da lei que proíbe a revista íntima nos presídios, visitantes de detentos já não estariam mais sendo obrigados a passar pela revista corporal, embora esta lei, de autoria dos deputados Marcelo Freixo (PSOL) e Jorge Picciani (PMDB), ainda não tenha sido sancionada pelo governador Luiz Fernando Pezão. Tal procedimento teria facilitado a entrada de objetos no presídio de Campos dos Goytacazes, contribuindo para a rebelião promovida no domingo, no entanto, a Seap nega esta denúncia.
Também em nota, a secretaria disse que realiza a revista "prioritariamente com uso de meios eletrônicos", porém afirmou que, em caso de necessidade, um inspetor do mesmo sexo que o visitante é designado para fazer a revista corporal em local reservado. "Mesmo com esses procedimentos, esta pasta irá aguardar a lei para nos adequarmos", ressaltou a secretaria.
A Seap admitiu ter atualmente apenas um scanner de raio-x corporal, que fica instalado na portaria do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste da capital. Caso seja sancionada a lei que proíbe a revista íntima, a secretaria precisará ter um equipamento deste em cada unidade do sistema penitenciário, para que seja preservada a intimidade dos visitantes dos detentos. O scanner é uma exigência da lei. "Cabe ressaltar que há um projeto para a compra de mais de três scanners para serem instalados em cada coordenação de unidades prisionais, tendo em vista a necessidade", disse a secretaria.
Ainda de acordo com a Seap, hoje em dia, o sistema penitenciário fluminense possui, ao todo, 63 banquinhos detectores de metais, 110 portais detectores de metais, 70 detectores de metais manuais (raquetes) e 9 raios-x de bagagem, além de uma câmera de inspeção visual, que é usada para revistas em locais de difícil acesso, como buracos em chão, parede e etc., sendo disponibilizada para todas as unidades.