Os garis que querem retornar ao trabalho estão sendo intimidados e até agredidos por grevistas. Segundo a Comlurb, funcionários registraram ocorrências em cinco delegacias de ameaças recebidas quando tentaram entrar nas gerências ou sair com caminhões. Os trabalhadores também informaram à polícia pelo menos 13 casos de danos aos caminhões. Os garis decidiram continuar com a greve por aumento de salário e fazem nesta terça-feira uma manifestação na Cinelândia. Nesta quarta-feira, haverá encontro com representantes da Comlurb.
A companhia divulgou nesta segunda-feira a foto de um gari que teria sido agredido a pedradas por não aderir à greve. A Comlurb não deu informações sobre o funcionário nem sobre onde ocorreu o caso. O Corpo de Bombeiros, a Polícia Civil e o sindicato da categoria disseram ontem não terem recebido informações sobre o funcionário.
A Polícia Militar montou esquema para evitar os ataques aos trabalhadores que quiserem retomar as atividades. Cerca de sete mil PMs dos 17 batalhões que formam os Comandos de Policiamento de Área da Capital e Zona Oeste, estão de prontidão para fazer a segurança das sedes e manifestações, além da escolta de caminhões. Já a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática investiga nas redes sociais provocações e incitação à violência.
Vice-presidente do Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio, Antônio Carlos disse que as categorias estão abertas para negociação:
“Estamos procurando o melhor caminho para que a população e a categoria não saiam perdendo.”
Nesta segunda-feira, representantes da Comlurb não foram na reunião marcada no Ministério Público do Trabalho, alegando que a categoria não atendeu à trégua sugerida para as negociações. Os garis pedem reajuste de 40% no piso salarial e mais a inflação acumulada (que somam 47,7%), além de vale-refeição de R$ 27 e outros benefícios.
Enquanto as partes não entram em um acordo, a Zona Norte é a que mais sofre. Na Av. dos Democráticos, em Bonsucesso, o lixo transbordou das caçambas e se espalhou pelas calçadas. O comerciante Alberto de Jesus disse que há três dias não recolhem lixo no local. “Eu defendo que eles tenham aumento, mas eu não posso ser prejudicado”, avalia.
Merendeiros em greve
De acordo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), os funcionários de uma empresa terceirizada que fornece a merenda de parte das escolas do município aderiram à greve desde ontem. Eles são ligados ao Sindicato de Garis do Rio.
A presidente do Sepe, Marta Moraes, afirmou que o problema pode causar cancelamento de aulas. “Fomos notificados por algumas escolas e tomamos conhecimento de que esta segunda foi sem merenda em algumas delas“, disse. “Esperamos que o prefeito receba esta representação dos garis e resolva a situação, pois os alunos terão problemas sem merenda nas escolas e podem ter que interromper as aulas.”
A Comlurb informou que não tem informações sobre a adesão dos merendeiros à paralisação dos garis. Ainda segundo a companhia, as escolas atendidas por esta empresa terceirizada são minoria no município. Os agentes de preparo de alimentos são concursados e atendem em escolas que não possuem merendeiras próprias.
O Sindicato dos Garis denunciou que pessoas sem preparo estão recebendo até R$ 150 por dia. Ontem à noite, homens sem uniforme realizavam a coleta na Lapa e admitiram o pagamento.