Por adriano.araujo

Rio - Com o início do processo de transição para ocupação da PM em substituição à Força de Pacificação no Complexo da Maré nesta quarta-feira, os próximos passos, que prometem ser de "maior dificuldade" começam a ser dados. De acordo com o relações públicas da PM, coronel Frederico Caldas, as favelas Parque União, Nova Holanda, Rubens Vaz e Nova Maré serão as próximas a serem ocupadas pela Polícia Militar, no dia 1º de maio. Região ocupada por três facções rivais promete ser um dos momentos mais críticos da transição. 

"Sabemos do desafio grande pela frente, mas o governo teve coragem de dar esse passo para o processo de pacificação. Não vamos recuar. A determinação do projeto da UPP será preservado", disse Caldas. De acordo com o coronel, a Maré é uma região mais complexa que o Alemão, devido a presença de traficantes rivais, milícia e por ser uma área muito maior e maior número de moradores.

GALERIA: Polícia inicia ocupação na Maré

Polícia apreende motos durante ocupação de favelas do Complexo da MaréCarlos Moraes / Agência O Dia

A previsão para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) é para o dia 30 de junho. Entretanto, diferente de outras UPPs, a unidade na Maré só será instalada quando houver bases e terrenos fixos, pois não serão adotados contêineres provisórios. Segundo Caldas, as bases provisórias expuseram muito os policiais. "Ao contrário de outras situações, com bases provisórias, na Maré a UPP só será implantada quando tiver base fixa. A UPP veio para ficar, sem as bases provisórias que é para garantir a segurança dos policiais", disse.

Caldas também negou a falência no processo de pacificação. "Problemas no Alemão e na Rocinha não quer dizer que a UPP não deu certo. É um processo difícil, mas tem que ser fortalecido e não pode ter recuo. A Maré é um um exemplo eloquente de que não haverá recuo. O processo de pacificação da Maré estava sendo pavimentado com o Exército há um ano."

Bases já existentes nas comunidades da Maré, como Destacamentos de Policiamento Comunitário (DPO) e Postos de Policiamento Comunitário (PCC) podem ser usadas pela futura UPP local.

A ocupação das comunidades Praia de Ramos e Roquete Pinto, dominada por milicianos, aconteceu de forma tranquila. Diariamente, 50 policiais farão o patrulhamento nas duas favelas com o apoio de viaturas. Com a implantação da UPP, o número subirá para 117. A Unidade Polícia Pacificadora da Maré contará com 1.620 PMs, mas o número pode aumentar se for necessário. A região conta com 16 favelas que eram patrulhadas pela Força de Pacificação do Exército há um ano. 

Policiais no Piscinão de Ramos%2C região do Complexo da Maré ocupada nesta quarta-feiraCarlos Moraes / Agência O Dia

A PM deu início a ação promovendo um cinturão de segurança desde às 20h de terça-feira. Pouco antes da meia-noite, policiais em viaturas entraram nas duas comunidades. No entanto, não foram vistas viaturas e militares do Exército deixando as duas comunidades. A partir das 6h, homens do Grupamento Tático de Motociclistas (Getem) inciaram patrulhamento na Roquete Pinto e na Praia de Ramos.

A estratégia é parte do planejamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública para pacificar o território. O procedimento foi estabelecido conforme protocolo de cooperação assinado no dia 7 de janeiro deste ano, entre o Governo Federal, as Forças Armadas e o Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Também segundo a PM, 220 agentes continuarão atuando no complexo da Maré e este efetivo já estaria sendo preparado para atuar no patrulhamento e no atendimento a ocorrências como parte do plano de pacificação deste território.

Estes policiais fazem parte da companhia vinculada à Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e estão, desde novembro do ano passado, atuando com a Força de Pacificação em todo o complexo da Maré. Os militares farão parte do efetivo da UPP.

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