Rio - Esperando há 19 anos por justiça, José Luiz Faria da Silva, de 54 anos, está acampado na porta do Ministério Público do estado do Rio. Ele pede a reabertura do processo criminal contra o PM Pedro Dimitri Amaral que efetuou os disparos que matou seu filho Maicon, que tinha 2 anos.
Em 1996, em uma operação na Favela de Acari, Zona Norte, Maicon levou um tiro no rosto enquanto brincava com amigos em um dos becos da comunidade. "Os meninos estavam jogando e quando voltaram o Maicon não estava com eles", contou o pai. "Disseram que foi auto de resistência. Mas como um menino de 2 anos troca tiros com a polícia?", perguntou.
O Estado foi condenado no processo civil pela morte do garoto que tinha dois anos na época do crime. A família recebeu uma indenização, porém o processo criminal foi arquivado. Para Silva, o policial foi premiado. "Hoje o Pedro trabalha na polícia civil, melhorou de carreira", disse.
Silva também pede a concessão de pensão para a esposa, Maria da Penha de Souza Silva, mãe de Maicon. "Deram pensão para mães que perderam os filhos em ações da PM, mas não para a minha mulher", afirmou.
Porém, o principal pedido é a reabertura do processo criminal contra Amaral. "Arquivaram por falta de provas. Quem tem que investigar é o ministério público, mas parece que é a família da vítima", disse mostrando as cópias de parte do processo.
O pai de Maicon disse que só sairá da frente do MP quando for atendido. "Cheguei aqui hoje de manhã, mas só saio quando o Marfan (Procurador-Geral de Justiça) vier me dizer que pediu a reabertura do processo", finalizou.
Reportagem de Flora Castro