Rio - A mãe do menino Eduardo, Terezinha Maria de Jesus, afirmou na porta da Delegacia de Homicídios (DH) - onde prestou depoimento ao lado do marido na noite desta quarta-feira - que vai processar José Júnior, coordenador do AfroReggae. No mesmo dia da morte do menino, no último dia 2, Júnior postou no Facebook que "segundo informações, o menino era bandido". Após a repercussão negativa, ele, primeiramente, excluiu a frase do texto para depois apagar toda a postagem.
"Quero mandar um recado para o José Junior, que disse que meu filho é bandido. Bandido é ele. Meu filho estudava e participava de projetos da escola. Nunca se envolveu com o tráfico. Ele era muito bom. Bandido não estuda e não tira nota dez. Ele disse também que meu marido mexia com coisa errada, só que meu marido trabalhava com carteira assinada. Vou processá-lo por isso", disse Terezinha.
Ela negou mais uma vez que tenha havido confronto no momento da morte do filho. Diz que consegue reconhecer o policial que disparou contra Eduardo e voltou a afirmar que houve um diálogo entre ela e o PM afirmando que também a mataria.
O defensor público Fábio Amado, que vem assessorando a família, acredita que a reconstituição do crime, prevista a próxima sexta-feira às 10h, com a participação dos familiares do menino, deve deixar bem clara a dinâmica do fato. Uma acareação entre os policiais e os pais de Eduardo pode vir a acontecer. Amado afirma ainda que há contradições nos depoimentos dos policiais.
Pais chegaram nesta quarta do Piauí
Os pais do menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, chegaram nesta quarta-feira à noite do Piauí para prestar depoimento na Delegacia de Homicídios (DH). Eles eram aguardados desde o crime, ocorrido dia 2, quando o menino foi morto com tiro de fuzil na porta de casa, no Complexo do Alemão.
Terezinha Maria de Jesus e José Ferreira foram recebidos no aeroporto por agentes da DH. O casal decidiu sair do estado após a tragédia e retornou à sua cidade natal, Cordeiro. Eles foram levados nesta quarta para a sede da especializada, na Barra da Tijuca, onde foram ouvidos para esclarecer detalhes que podem ajudar na reconstituição.
DH fará outras duas reconstituições na sexta-feira
Além da reconstituição da morte de Eduardo de Jesus, a DH realizará na sexta-feira outras duas simulações de crimes ocorridos no Complexo da Maré. Eles vão tentar esclarecer também a morte de Elizabeth Alves, de 41 anos, no dia 1º de abril. Ela e a filha Maynara Moura, de 16 anos, foram atingidas dentro de casa, na localidade da Alvorada, na Favela Nova Brasília, durante confronto entre traficantes e PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade. A mãe foi socorrida por vizinhos, mas não resistiu. A filha foi medicada e liberada.
O outro caso que será reconstituído é o da morte do capitão Uanderson Manoel da Silva, então comandante da UPP Nova Brasília. Ele foi morto na noite de 11 de setembro de 2014, durante confronto entre PMs e traficantes que atacaram a base da unidade. Um das linhas de investigação é de que o tiro nas costas do policial tenha sido desferido acidentalmente por algum de seus comandados.
As reconstituições contarão com o efetivo de 100 policiais da DH, sendo seis peritos.