Por paloma.savedra

Rio - Horas antes da reconstituição da morte de Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, no Complexo do Alemão, nesta sexta-feira, o pai da vítima, José Maria Ferreira de Souza, voltou a pedir a punição do policial que atirou contra seu filho e desabafou. "Não me calarei. Espero que a culpa do policial seja comprovada na perícia de hoje. Esse sujeito tem que pagar com cadeia", disparou. O menino foi atingido no dia 2 de abril, na porta de casa, e os dois PMs envolvidos no caso estão na comunidade para a simulação. 

Fotogaleria: Polícia Civil faz reconstituições simultâneas de mortes no Alemão

DH mobilizou 120 policiais%2C oito delegados e 10 peritos para as três reconstituições no Complexo do Alemão%2C nesta sexta-feiraCarlos Moraes / Agência O Dia

"Para sempre me lembrarei da imagem do meu filho esfacelado. Esse policial proporcionou a pior cena que já vi", desabafou o pai da criança.

O trabalho está a cargo da Divisão de Homicídios (DH), que fará simultaneamente a reconstituição de mais outras duas mortes no conjunto de favelas: a de Elizabeth de Moura Francisco, de 41 anos (no dia 1º de abril), e do ex-comandante da UPP Nova Brasília, capitão Uanderson Manoel da Silva (em setembro de 2014).

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Titular da DH, o delegado Rivaldo Barbosa destacou o reforço no aparato para as simulações e disse ainda que a comunidade estava tranquila com os trabalhos As três reconstituições mobilizam 120 policiais da DH, oito delegados e 10 peritos. Cerca de 100 PMs também apoiam a ação. 

O Ministério Público, Defensoria Pública e Corregedoria da PM estão no local, assim como os 22 policiais militares envolvidos nos três casos. 

"Queremos a verdade, não passaremos a mão na cabeça de ninguém", declarou Rivaldo Barbosa. "A comunidade está tranquila. Esse aparato todo de policiais não é por conta do perigo do local, mas por conta da reconstituição", completou. 

Terezinha e José enterraram o filho Eduardo no PiauíDivulgação

"O Ministério Público não quer crucificar ninguém. Nós queremos buscar a verdade", declarou o promotor de Justiça Homero das Neves, ao lado do corregedor da PM, coronel Victor Yunes: "A Divisão de Homicídios e a Corregedoria estão trabalhando em conjunto. Esse trabalho de hoje será feito de forma técnica, com o objetivo de estabelecer a verdade e a justiça prevalecer", afirmou o militar. 

Segundo o promotor, "a perícia vai indicar se os policiais tinham ou não visão do menino na hora em que efetuaram o disparo". Homero contou que os PMs garantiram não ter visão do menino no momento em que desciam do Beco da Lagoinha. 

Perícias devem terminar à noite

No momento, testemunhas estão sendo ouvidas para a reconstituição do caso Eduardo e a perícia deve indicar a origem do tiro. Ao final, uma outra perícia deve feita com a versão policial. Toda a imprensa está isolada a 30 metros da cena do crime. 

Parte do comércio no conjunto de favelas está fechada. 








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