Rio - O Zoológico do Rio amanheceu de luto ontem, após a morte da sua única girafa, um macho da espécie. Nascido em Brasília, Zagallo tinha 16 anos e, desde o fim do ano passado, era alvo de disputa judicial entre a Cidade Maravilhosa e Brasília, que exigia o retorno dele.
O animal desembarcou em solo carioca em 2006 para cruzar com uma girafa fêmea, já falecida. A causa da morte ainda está sendo apurada. A Fundação Rio Zoo busca novos animais da espécie no Brasil e não descarta a importação.
Nos últimos meses, Zagallo apresentava alguns problemas de saúde por conta da idade. Foi devido a esta fragilidade que o zoológico do Rio havia conseguido na tarde de quarta-feira a vitória na Justiça e a permanência da girafa na cidade.
“Foi difícil de acreditar. Estávamos felizes porque o juiz de Brasília havia entendido que o Zagallo deveria ficar no Rio e, durante a madrugada, recebi a notícia de que ele tinha morrido”, contou o assessor jurídico da Fundação Rio Zoo, Murilo Leal.
O processo judicial foi movido no fim do ano passado pelo Zoológico de Brasília. Na época, o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal concedeu liminar que determinava a volta de Zagallo a Brasília. Desde então, a instituição carioca apresentava recurso para a permanência do animal.
A girafa veio para o Rio com a missão de cruzar com a outra pescoçuda, a fêmea chamada Beija-Céu. O namoro ganhou repercussão nacional e o casal chegou a ser considerado o xodó do zoológico. Beija-Céu morreu há três anos, e eles não tiveram filhotes.
“O Zagallo passou a ser a sensação no instituto. Agora a fundação busca um trio de girafas no Brasil. Se não conseguir fazer permuta, vamos entrar com processo para importar”, explicou Murilo Leal.
Zagallo nasceu fruto do acasalamento entre Léo e Bia. O animal foi cedido ao Rio porque o Distrito Federal já tinha quatro exemplares da mesma espécie . Com a morte do único macho, o recinto ficou totalmente ocupado por fêmeas e, por isso, o zoológico de Brasília quis Zagallo de volta. No início, a negociação era administrativa, mas o caso chegou aos tribunais porque o Rio se recusava a devolver o animal.
O corpo de Zagallo está sendo submetido a uma necropsia, feita pelos veterinários da Rio Zoo. O laudo que apontará as causas da morte será divulgado em até 30 dias. Após o procedimento, o animal será enterrado numa área dentro do zoológico.
MP apontou problemas em jaula
Os 70 anos do Zoológico do Rio, comemorados no mês passado, foram marcados por uma ação do Ministério Público Federal, que apontava a necessidade de diversas reformas no local. Através de um relatório do Ibama, o órgão identificou o despejo inadequado do lixo e problemas estruturais nos abrigos de animais, inclusive no de Zagallo, que não tinha cobertura adequada.
Segundo o assessor jurídico da Fundação Rio Zoo, Murilo Leal, uma parceria com a Comlurb resolveu a questão do lixo. Já as obras que foram solicitadas pelo Ministério Público devem começar no final de maio.
No relatório emitido pelo órgão, havia a indicação de que a prefeitura executasse o pacote de obras prometido desde agosto do ano passado, ao custo de R$ 8,5 milhões. Na época da ação, o zoológico chegou a correr risco de fechar as portas, caso não apresentasse um cronograma de reformas. A Fundação Rio Zoo mantém mais de 2.100 animais de 600 espécies.