Rio - Foi confirmado que o ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, major Edson Santos, subornou uma moradora da comunidade, Lucia Helena da Silva Batista, para que a mulher mentisse em testemunho sobre o Caso Amarildo - ajudante de pedreiro e morador da Rocinha que sumiu após ser conduzido por policiais militares à sede da UPP na favela. A constatação ocorreu em audiência da Auditoria Militar para investigar especificamente o caso, nesta terça-feira.
Na época da investigação, quando voltou atrás no depoimento, Lucia disse ter sido orientada pelo major a dar falsas informações em troca de pagamento e por temer represálias de policiais militares contra seu filho. De acordo com a promotora de Justiça Carmen Eliza Bastos de Carvalho, do Ministério Público do Rio, a testemunha está desaparecida desde agosto do ano passado.
Na primeira versão, Lucia contou que o traficante Thiago da Silva Neris, o Catatau, a tinha expulsado da comunidade e, quando o fez, revelou a ela que tinha matado Amarildo.
Amarildo: Ex-comandante teria pago testemunhas para mentir
Amarildo desapareceu durante operação de combate ao tráfico na Rocinha, entre os dias 13 e 14 de julho de 2013. Em dezembro de 2014, a Justiça aceitou denúncia do MP contra o major Edson Santos e mais três PMs acusados por corrupção ativa de testemunhas, com o objetivo de atrapalhar as investigações da Divisão de Homicídios (DH) da Capital.
Ao todo, 25 PMs são acusados de envolvimento no desaparecimento do ajudante de pedreiro, cujo corpo nunca foi encontrado. Os PMs respondem pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha.