Rio - "Ainda há traficantes armados no interior da favela". Foram estes os relatos ouvidos pela reportagem do DIA de moradores, que preferiram não se identificar, com medo represálias, no Complexo da Maré, nesta sexta-feira. A afirmação vai contra a declaração do relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, que disse "não reconhecer a presença de bandidos na comunidade". Ainda assim, Caldas admite a existência do poder paralelo no local.
Complexo da Maré: PM substitui Exército em quatro comunidades
"Eu sei que existem duas facções criminosas, sendo uma delas a maior do estado (o Comando Vermelho), além das milícias", disse ao DIA Frederico Caldas. A PM realizou coletiva de imprensa nesta manhã para falar sobre a transição ocorrida no conjunto de favelas na Zona Norte. Nesta sexta-feira, a Força de Pacificação entregou o controle das favelas Parque União, Nova Holanda, Rubens Vaz e Nova Maré à Polícia Militar.
Estas favelas só receberão Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) até março de 2016. Nelas, hoje, foi montado apenas um cordão de segurança, composto por 50 policiais, baseados em sete acessos, localizados entre a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. Na Nova Holanda, um blindado da PM atua no interior da comunidade, na Rua 17 de Fevereiro, altura da Rua Hezemildo Alves. Para o relações públicas da PM, coronel Frederico Caldas, o Exército "saiu com um sinal de estabilidade e tranquilidade".
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"Um estudo de inteligência foi realizado e, em breve, a polícia entrará nas comunidades com operações dos batalhões de Choque, de Operações Especiais e de Ações com Cães. No entanto, ainda não posso dizer quando tais operações ocorrerão, por questões de inteligência e estratégia", afirmou.
Sobre a operação, o coronel disse que ela começou ainda na noite desta quinta-feira, por volta das 22h. Nenhum tiro foi disparado, ninguém foi preso, apreendido ou ficou ferido. Ao todo, além dos 50 PMs que foram colocados nos sete acessos às quatro comunidades, outros 169 policiais do 22º BPM (Maré) se juntarão aos 200 PMs que já atuavam desde o ano passado, em parceria com o Exército, no patrulhamento do entorno da favelas.
Também no conjunto de favelas da Maré, as comunidades Praia de Ramos e Roquete Pinto receberão UPPs a partir de julho deste ano, no entanto, já a partir da próxima semana, 115 policiais farão patrulhamento no interior das duas comunidades. Segundo a Polícia Militar, outras dez comunidades do Complexo da Maré, que ainda seguem sob o controle da Força de Pacificação, serão ocupadas até o dia primeiro de junho. Em março de 2016, as UPPs Parque União, Nova Holanda Rubens Vaz e Nova Maré terão um efetivo de 1,6 mil policiais, prometeu a PM.
Morador do Parque União, o ajudante de pedreiro José Antonio de Brito, de 48 anos, elogiou o trabalho do Exército. "A gente quer segurança. Seja com Exército ou com a PM, a gente quer segurança", disse ele, que espera que a polícia dê continuidade ao mesmo trabalho feito pela Força de Pacificação.