Por paulo.gomes

Rio - "Acho tudo muito engraçado. Não dá para acreditar que passei por isso. Foi Deus quem me salvou". Vendo pela primeira vez as imagens capturadas por uma câmera de segurança, Alexandre Santana, de 47 anos, relembrou os instantes de terror vividos na Rua Xavier Curado, em Marechal Hermes, às 6h05 da manhã, na última quarta-feira. O guarda municipal estava passando pelo local quando um caminhão que transportava bebidas passou desgovernado e lançou contra o homem dezenas de caixas e engradados de refrigerante.

Nas imagens, Alexandre aparece andando pela calçada quando percebe a avalanche de garrafas e engradados vindo em sua direção. Desesperado, corre cerca de dez metros e se agarra a um portão de garagem. "Na hora eu pensei que fosse morrer. Não tive ideia do acidente até os jornais darem a notícia."

Alexandre Santana%3A ‘Eu acho tudo muito engraçado. Não tinha dimensão do acidente até a hora que vi na TV’André Mourão / Agência O Dia

Na sequência, ele aparece conversando com o motorista da empresa, e em seguida, ajudando os pedestres a desobstruírem a pista para evitar outro acidente. “O motorista do caminhão parou a uns cinquenta metros à frente e veio perguntar para mim se tinha alguma vítima. Eu falei que fui a vítima, mas ele não acreditou. O mesmo aconteceu quando contei para minha esposa e amigos. Eles só perceberam a gravidade quando viram as imagens na televisão. Foi aí que todos ficaram desesperados.”

O grande susto fez com que Alexandre, morador de Campo Grande, decidisse mudar o percurso que há dois anos fazia até chegar no trabalho, em Vila Valqueire: “Eu chegava em Marechal Hermes às 6h e ia andando até Valqueire, para me aquecer e chegar no horário. Agora, vou passar a ir de ônibus, porque por ali eu não passo mais.”

Alexandre contou que o caminhão não tinha grade de proteção, somente uma lona, que não conseguiu suportar o peso da carga com a curva brusca. Ele afirma que ainda não foi procurado pela distribuidora nem pela transportadora, e que pretende processá-las.

Moradores querem redutor de velocidade na pista

Na manhã de sexta-feira, Alexandre foi recebido pelos moradores da rua onde aconteceu a avalanche de refrigerantes com bolos e salgados. Deyse Cabral, de 45 anos, disse que o incidente foi importante para mostrar para as autoridades que o trecho é perigoso. Ela afirma que já presenciou cerca de 25 acidentes nos nove anos que mora no local. “Os carros viram com uma velocidade absurda, perdem o controle e batem em muros, postes e uns contra os outros”, relatou Deyse.

Ela conta que o barulho foi enorme: “Levei um tremendo susto. O som foi ensurdecedor. Levantei correndo e ajudei o rapaz que estava em meu portão a limpar a rua. Mais tarde, vendo as imagens da minha câmera, vi que Alexandre havia sido a vítima.”

Segundo Deyse, só em outubro do ano passado, a “curva da morte” provocou três acidentes em uma semana. “Nós precisamos de um redutor de velocidade aqui. Até quando vamos ter que ser obrigados a presenciar este tipo de cena?”

Reportagem Marcelle Bappersi

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