Por nicolas.satriano

Rio - Maior universidade federal do país, a UFRJ vai paralisar suas atividades na segunda-feira para que a situação dos terceirizados que estão sem pagamento seja regularizada. O reitor Carlos Levi cedeu ao pedido do movimento estudantil de suspender as aulas em todas as unidades até que o problema dos atrasos nos salários seja resolvido. A decisão foi tomada ontem à noite, depois de uma reunião entre o reitor, decanos da instituição e estudantes, que ocupam o prédio da reitoria desde quarta-feira.

Dezenas de alunos montaram barracas e levaram colchões para dormir no local, até que as reivindicações estudantis sejam atendidas. “A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador”, era um das palavras de ordem mais ouvidas ontem. Eles reivindicam, ainda, transparência nos repasses de verbas para as empresas envolvidas e uma postura mais efetiva da reitoria para assegurar os direitos trabalhistas dos terceirizados.

Estudantes montaram barracas na reitoria da UFRJ para cobrar solução para a crise dos terceirizadosErnesto Carriço / Agência O Dia

A decana do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Lilia Pougy, informou que os pagamentos dos terceirizados da limpeza e da segurança do campus da Praia Vermelha já foram feitos. Por conta disso, as atividades na Escola de Comunicação (ECO), paralisadas desde a última segunda, poderiam ser restabelecidas na semana que vem. Para os alunos, no entanto, o pagamento do último mês não é suficiente. Eles consideram as condições de trabalho para os terceirizados precárias e são contra a terceirização na universidade.

“Está claro para nós que esse modelo prejudica os trabalhadores e a universidade. Tem que fazer concurso público”, comentou o estudante Pedro dos Santos, um dos ocupantes do prédio. “Nossa luta é pela educação pública. O Brasil tem que perceber que o problema é maior que a falta de pagamento”, completou.

Um comitê de recepção esperou a chegada do reitor ontem à tardeErnesto Carriço / Agência O Dia

Uma das representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRJ, Luíza Foltran, disse, durante a reunião, que os estudantes não querem ficar sem aula, desde que existam condições dignas para os trabalhadores. “A UFRJ não pode ser conivente com condições de trabalho análogas à escravidão”, comentou a estudante ao microfone. Ela foi aplaudida ao final do discurso. Estudantes relataram casos de trabalhadores que são descontados quando faltam, mesmo sem receber o salário regularmente.

Levi avaliou o movimento estudantil como positivo. O reitor disse que, na segunda-feira, vai entrar com uma ação no Ministério Público do Trabalho contra a empresa de limpeza Qualitécnica, que não tem repassado o pagamento devido aos funcionários.

Reportagem de Amanda Prado

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