Por daniela.lima

Rio - A praia da Barra da Tijuca não foi apenas cenário da etapa brasileira da Liga Mundial de Surfe no último final de semana. Um alvoroço tomou conta das areias, disputadas por banhistas, amantes do esporte e vendedores ambulantes, que viram seus lucros surfarem na crista da onda. 

Marcelo Marinello e simpatizantes da causa ambiental%3A três dias recolhendo lixo e guimbas de cigarro no campeonato mundial de surfePaulo Araújo / Agência O Dia


Na disputa por cada milímetro de espaço, os banhistas usaram toda sorte de expediente para acompanhar as manobras dos competidores. Se penduraram nas estruturas de ferro montadas pelo evento, usaram binóculos, se encharcaram na beira do mar para torcer pelo brasileiro Filipe Toledo — que saiu de lá campeão.

“Está cheio demais. Mas vamos conseguir assistir ao campeonato de alguma forma”, comentou o estudante Bruno Betta, de 25 anos, com a namorada Tais Alves, de 20. A solução adotada pelo casal foi erguer morrinhos de areia, levantados por todos os lados pelos curiosos, para garantir uma melhor visão das provas.

LUCROS

Havia gente mais preocupada com o movimento em terra do que com as manobras no mar: os vendedores ambulantes. O estudante Natan Lopez Oliveira, de 23 anos, viu uma oportunidade extra de bancar os custos da faculdade com o lucro gerado durante o evento. “Vim vender bebidas aqui só por causa do campeonato”, contou o jovem. “O movimento está ótimo.” 

Para quem trabalha há 20 anos nas areias da Barra da Tijuca, como Arnaldo da Silva de 63 anos, o crescimento das vendas foi significativo. “Isso aqui bombou. Vendi cinco vezes mais do que o normal”, disse o vendedor ambulante, com um sorriso no rosto. “Podia ter um campeonato desses pelo menos uma vez por mês”, sugeriu.

Quem mora no bairro lamentou o engarrafamento constante nas ruas da região, mas viu com bons olhos o clima de festa na praia. “Tem muita gente de fora. O clima continua tranquilo. O pessoal é da paz”, aprovou a funcionária pública e moradora da Barra, Claudia Jerônimo, de 55 anos.

Além do comércio nas areias e das competições no mar, barraquinhas de organizações não-governamentais focadas no cuidado com meio ambiente também chamaram a atenção de crianças. Caso da Sea Shepered, ONG dedicada a preservação dos tubarões e que montou tenda na Barra com dados sobre os ataques sofridos pelos animais. “Aprendi muito aqui no campeonato: sobre o surfe até sobre os bichos”, disse Vitor Gama, de 10 anos. 

Campeonato de boas ideias

Campeonato mundial de surfe também é cultura. Além das manobras no mar e da badalação nas areias, a praia da Barra também abrigou grupos preocupados com as questões ambientais. Alguns deles vindos até de outros estados.

A estudante de fisioterapia, Jessica da Silva Leandro, de 19 anos, saiu de Ubatuba, no litoral paulista, só para apoiar a organização não-governamental S.O.S Praia Brasil na conscientização da preservação da natureza durante o Campeonato. “Sou fissurada por surfe também, então aproveitei para conferir o campeonato”, contou Jéssica.

Marcelo Marinello, presidente e fundador da ONG, passou três dias catando as guimbas de cigarro deixadas nas areias da Barra. Ele confessa, no entanto, que o volume de lixo que encontrou era pouco em relação à quantidade de gente que passou por lá ao longo do evento. “A galera do Surfe tem uma ligação maior com a natureza”, explicou Marinello.

Além de entrar nesse clima de torcida e interação com o meio ambiente, teve quem visse o frenesi crescente em torno do esporte como inspiração para ampliar os negócios. Dono na marca de roupas Recruta, o empresário paulistano, Ali Hassan, de 49 anos, diz que é um momento favorável para investir no estilo de quem curte a vida sobre as ondas.

“Criei a marca há 28 anos. Comecei com a linha surfe. Mas o esporte deu uma caída por um tempo e acabei seguindo a linha fashion”, contou Hassan Mas hoje o surfe está voltando com tudo e decidi voltar a investir nessa linha.”

Você pode gostar