Por karilayn.areias

Rio - A onda de violência está fazendo o carioca buscar alternativas para o lazer. Como a pista Cláudio Coutinho, na Praia Vermelha, Urca, que une segurança e uma das mais belas vistas do Rio. A região é cercada de instituições militares e recebe a segurança da Polícia do Exército.

Pista Cláudio Coutinho é a nova alternativa dos cariocas para fugir da violência Carlo Wrede / Agência O Dia

Não é possível entrar com bicicleta, mas para o casal Karen Silva, 21, e Renan Santos, 20, não é problema, já que pode-se pedalar na Praia Vermelha e guardá-la no bicicletário. “Aqui é muito bonito e seguro. Essa sequência de violência fez a gente preferir ficar aqui. Ficamos despreocupados para curtir a natureza”, diz Renan.

Paulo André da Silva mora há nove anos no Canadá e vem ao país três vezes ao ano. Para fazer suas caminhadas, sempre escolhe a pista por considerá-la segura: “Eu saí do Brasil por causa da violência, e esses crimes mostram que nada mudou.”

A pista tem 2.500 ida e volta, já que termina no mato e é preciso retornar. Funciona diariamente, de 6h às 18h, e não precisa pagar, exceto o estacionamento.

Câmara quer criminalizar arma branca

Familiares de outras vítimas de violência estiveram presentes na Lagoa, como Carlos Santiago, pai de Gabriela Prado Maia, morta em 2003 aos 14 anos por uma bala perdida na estação do metrô São Francisco Xavier. “A violência está grande e é preciso um basta”, disse. Parentes de Alex Schomaker, morto por ladrões em um ponto de ônibus de Botafogo em janeiro, acompanharam o ato. Esfaqueado dia 19 de abril por ladrões enquanto passava pela ciclovia, no Jardim de Alah, Victor Didier, 19, defendeu a redução da maioridade penal. “Tem que reduzir para 15 anos”.

Quem tentou falar no megafone foi o deputado federal Índio da Costa (PSD-RJ), mas foi impedido por vaias. Ele queria informar que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara vai discutir o projeto, desarquivado, que criminaliza o porte de arma branca. “O presidente da CCJ Arthur Lira (PP-AL) vai colocar a proposta em pauta na primeira semana de junho”, disse.

A manifestação se concentrou em frente ao Clube Caiçaras, na altura do Canal Jardim de Alah. Uma das organizadoras do ato, Márcia Veiga disse que vão cobrar policiamento não só na Lagoa. “Queremos segurança não só nas ciclovias, mas em todo o Rio. Não queremos policiamento de uma semana ou um mês, mas sim, permanente”, enfatizou. Uma faixa da Avenida Borges de Medeiros foi usada pelos manifestantes. O percurso foi acompanhado por oito viaturas da PM e duas da Guarda Militar. Houve congestionamento mas os motoristas não reclamaram.

Oito vítimas em uma semana

Um assalto a ônibus terminou neste domingo com mais uma vítima esfaqueada no Rio, a oitava em uma semana. Pela manhã, Josué Naval, de 55 anos, foi atingido no braço por um golpe de faca. A polícia agiu rápido e prendeu o suspeito, Wanderson Barbosa Ferreira, 34, em flagrante. Hoje foram feitas pelo menos duas manifestações contra a violência na cidade. Durante partida no Maracanã, o jogador Fred, do Fluminense, vestiu camisa com o nome do médico Jaime Gold, morto a facadas terça-feira, enquanto pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas. Em campo, houve ainda homenagem ao médico, que era tricolor, com uma bicicleta sobre o escudo do time no gramado.

De acordo com policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia), Josué estava no ônibus da linha 378 (Marechal Hermes - Castelo) quando o assalto foi anunciado na Avenida República do Paraguai, altura da Catedral Metropolitana, no Centro. A vítima reagiu e foi ferida no braço esquerdo. Conseguiu descer e pediu ajuda a PMs que passavam de carro. Após cerco na região, os policiais encontraram o acusado na Avenida Presidente Vargas. Detido, foi levado para a 5ª DP (Mem de Sá). Josué foi encaminhado ao Hospital Souza Aguiar e precisou levar pontos no braço.

De madrugada, Domingos Wagner Braga de Souza, 33, foi preso na Avenida Passos, no Centro, portando uma faca. Contra ele havia um mandado de prisão por roubo.

Na Lagoa%2C cerca de 300 manifestantes se reuniram em segundo ato consecutivoCarlo Wrede / Agência O Dia

A Lagoa recebeu pelo segundo dia consecutivo um protesto por mais segurança no Rio. A caminhada na manhã de hoje reuniu cerca de 300 pessoas. Muitas vestiram preto, em luto pelos recentes casos de violência. Folhetos com a frase “Eu sou Jaime Gold” foram distribuídos. Algumas pessoas chegaram com uma roda de bicicleta na mão e um lenço branco amarrado no aro.

À tarde, a Associação de Moradores do São Carlos e do Querosene promoveu um futebol beneficente na Arena Mineira, no Morro do São Carlos. A ação foi uma homenagem aos mototaxistas Ramon Moura de Oliveira, de 22 anos, e Rodrigo Marques Lourenço, 29, que foram mortos no último dia 15, num confronto entre facções rivais e policiais. “A iniciativa é uma forma de lembrarmos e homenagearmos as famílias que perderam seus filhos. Além disso, é uma maneira de pedirmos paz para a região”, destacou Nenel Silva, integrante da associação e um dos organizadores do evento.

*Colaborou Gabriela Mattos



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