Rio - É impossível passar em frente à lanchonete Royal, na Praça Mauá, e não notar a imensa placa ao lado que diz: “Aqui, somente usamos carne de vaca. Cachorro, para nós, é para ser amado e protegido.” Além da frase amigável, a placa traz ainda, desenhos de cães felizes e latidos artificiais no fundo. Após a Vigilância Sanitária encontrar carne de cachorro em estabelecimentos no Rio, alguns locais resolveram traçar estratégias para que o fato não espantasse sua clientela. E tem dado certo.
O dono da Lanchonete Royal, na Zona Portuária, Iguaci Moraes, 59 anos, conta que, desde que a placa foi inaugurada, há três semanas, viu o número de clientes subir. “Desde que a gente colocou essa placa aí, tivemos aumento considerável, chamamos atenção das pessoas. Muitos curiosos já vieram aqui.”
Ele conta ainda que a placa serve de alerta de transparência para os clientes. “Com a avalanche de fiscalizações no nosso setor, resolvemos fazer isso para que não restasse dúvida alguma, tanto para a fiscalização como para os clientes. Queremos dar para eles a certeza de que aqui não vendemos carne de cachorro”, completou. O local existe desde 1979.
Apesar de toda publicidade gratuita que a lanchonete vem recebendo, há quem não aprove a medida. Em conversa com O DIA, o engenheiro civil Bruno Bertasso, 33, cliente do lugar, diz que a medida pode deixar a casa marcada negativamente. “A placa, de uma certa forma, pode atrapalhar muito. Na minha opinião, chama atenção para o lado ruim. Deixa o local marcado. Parece até que eles foram pegos e resolveram colocar isso aí para desmentir”, comenta.
CLIENTES PERGUNTAVAM
A medida também foi aplicada na lanchonete Oriente Mix, na Lapa, onde se lê: “Não servimos carne de cachorro, favor não insista!” “Toda hora alguém vinha aqui e perguntava se tinha cachorro dentro dos salgados. Então, colocamos essa placa. A gente não vende”, explicou a funcionária Wonz, de 60 anos.
Diferentemente da placa da Royal, a da lanchonete Oriente é simples e encontra-se instalada no interior do estabelecimento. Ao ser questionada sobre o recheio de seus pastéis e salgados, Wonz apenas aponta para a placa. A funcionária diz ainda que, após o episódio da descoberta do uso da carne de cachorro em salgados no Rio, o estabelecimento quase não vende mais pastéis de carne.
Pastelaria usava cães em petiscos
Em abril, investigação do Ministério Público do Trabalho identificou pastelaria onde, além de trabalho escravo, havia carne de cachorro congelada que era utilizada em salgados. A lanchonete, em Parada de Lucas, tinha chineses no comando da produção e na manutenção da ilegalidade de funcionários.
?Reportagem de Vinícius Amparo