Por paloma.savedra

Rio - O advogado do primeiro adolescente apreendido por suspeita de envolvimento no caso Jaime Gold — assaltado e esfaqueado no dia 19 de maio, na Lagoa Rodrigo de Freitas —, Alberto Oliveira Junior, entrará com pedido de Habeas Corpus na Justiça para o menor. Ele está internado em uma unidade do Degase desde que foi encontrado pela Polícia Civil em seu condomínio em Manguinhos, na Zona Norte do Rio, no último dia 21. Outro menor suspeito da morte do médico também foi apreendido e segue internado. 

Leia mais:

MP pede internação de menor que confessou participação na morte de Jaime Gold

Delegado admite que pode haver um inocente no caso Jaime Gold

No entanto, nesta terça-feira, um terceiro adolescente se entregou e confessou ter participado do assalto, provocando uma reviravolta no caso. A Divisão de Homicídios (DH) havia dado o caso como encerrado. Agora, com um outro menor confessando a autoria do crime, as investigações serão retomadas. A Polícia Civil fará ainda uma acareação entre os três. 

Menor%2C de 16 anos%2C tem 15 anotações na polícia. Foi identificado por uma testemunha do esfaqueamentoDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Apesar de criticar a apreensão e internação de seu cliente, o advogado Alberto Oliveira Junior não pensa em fazer uma representação contra os policiais por possível erro na investigação. Ele afirma que deixará isso a cargo da Secretaria de Segurança Pública. 

Alberto disse que não teve acesso ao depoimento do menor que assumiu a autoria do crime e inocentou o seu cliente: "Mas soube, através da imprensa, que a versão apresentada deste menor é exatamente o que a defesa alegou desde o início", disse ele, que acrescentou: "O meu cliente estava em Manguinhos no momento do crime. Inclusive temos diversas testemunhas dispostas a falar isso em juízo", contou.

MP pediu internação de terceiro menor suspeito de envolvimento no caso

A Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude em Matéria Infracional, do Ministério Público do Rio, pediu à Justiça nesta quarta-feira a internação provisória do menor de 17 anos que se entregou nesta terça-feira, confessando a autoria da morte de Jaime Gold, esfaqueado durante uma tentativa de assalto na Lagoa, no dia 19 de maio. Ele foi ouvido pelo órgão na noite de ontem.

Ele deve responder por ato infracional análogo ao crime de latrocínio, assim como os dois primeiros menores ouvidos pelo MP. A participação dos três será apurada em três processos, que correm em segredo de Justiça. A Justiça tem até 45 dias, a partir da data da apreensão, para decidir qual medida socioeducativa será adotada.

O jovem W. se entregou na 25ª DP (Engenho Novo), na madrugada desta terça-feira, alegando que foi ele quem atacou o médico. Em depoimento, o menor inocentou o primeiro adolescente apreendido, que desde o início se disse inocente. A Delegacia de Homicídios (DH), inclusive, já havia considerado o caso encerrado, mesmo com dúvidas levantadas pela defesa do suspeito sobre as provas.

Na época da detenção, que segundo os policiais aconteceu três horas após terem assumido o caso, o titular da DH, delegado Rivaldo Barbosa, disse não ter dúvidas sobre a participação de adolescente no caso. Ontem, o delegado Giniton Lages — que deu entrevista porque Rivaldo tirou férias — admitiu que pode ter um inocente entre os três suspeitos.

“Vamos fazer uma acareação e o caso não está encerrado”, afirmou, contrariando a declaração anterior do chefe. “Precisamos reavaliar todo o procedimento, apesar de termos seguido os protocolos. Polícia séria trabalha com informação”, concluiu.

Segundo informações, o menor W. pode ter se entregado após pressão de traficantes do Jacarezinho, que estavam incomodados com as diligências na favela. O primeiro adolescente apreendido havia contado à polícia que o comentário dentro da comunidade era de que o terceiro jovem era de lá e que estava se escondendo. W. tem 20 passagens pela polícia por crimes contra o patrimônio, todos na Zona Sul e com uso de faca.

O menor prestou depoimento durante a madrugada ao lado da irmã. Aos policiais, W. relatou em detalhes a dinâmica do crime, mas atribuiu as facadas desferidas na vítima ao segundo menor, Y., de 16 anos. Uma testemunha ouvida na 14ª DP (Leblon) logo após o crime, havia dito que um dos bandidos era negro e o outro, branco, como o jovem que se entregou ontem. Apesar disso, a DH apreendeu dois negros. W. teve a internação provisória decretada ontem.

Você pode gostar