Rio - Ação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal e da Coordenadoria de Inteligência da PM desarticulou quadrilhas que agem em duas favelas da Zona Sul. Em troca de tiros, na noite de segunda-feira na Linha Amarela, Bruno Di Carloantonio Martins, o Bruninho BR, de 29 anos, foi morto pelos agentes.
Ele é acusado de ser o gerente da quadrilha da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, e de participar do retorno do tráfico de drogas e armas à Favela Santa Marta, em Botafogo, primeira comunidade a receber uma UPP, em 2008.

Outros dois homens, que não tiveram os nomes divulgados, foram presos na ação e três fuzis foram apreendidos. Ontem, no fim da tarde, o comércio foi fechado por ordem do tráfico na Ladeira dos Tabajaras e, segundo informações de moradores, alguns comerciantes no alto do Santa Marta também foram obrigados a parar de funcionar em luto pela morte de Bruninho BR.
Antes do confronto, policiais federais participavam de uma diligência, junto com policiais da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar, quando suspeitaram de um Honda Fit que passava em alta velocidade pela Avenida Pastor Martin Luther King Junior. Eles iniciaram a perseguição, que terminou na Linha Amarela, altura de Bonsucesso.
O tiroteio causou pânico em motoristas e o trânsito teve que ser interrompido. Segundo informações da UPP Santa Marta, um traficante conhecido como DN estaria à frente do tráfico no local.
Conforme O DIA noticiou no sábado, traficantes criaram depósito de armas e o comando da UPP Santa Marta enfrenta dificuldades para conter a entrada de traficantes, via Tabajaras. O capitão Márcio Rocha, comandante da UPP, afirmou que interromper o elo entre os dois morros é o maior desafio dos militares, que chegaram a ser atacados a tiros na quinta-feira. Foi o primeiro registro de disparos desde a implantação da UPP.
“Traficantes do Dona Marta mantêm relação com a Ladeira dos Tabajaras e desde o final do ano passado guardam armas e munição aqui. Na parte alta da comunidade, onde há mata e rotas de fuga, acreditamos que há mais de um paiol”, garantiu, semana passada, Márcio Rocha, à frente da UPP desde 2011.
Condenado a 32 anos de prisão, fugiu pelo esgoto
Bruninho BR fugiu, em 2013, por um túnel construído pelos presos ligado ao esgoto da Penitenciária Vicente Piragibe, no Complexo de Gericinó. Ele cumpria pena por associação para o tráfico e tráfico de drogas na ocasião e era condenado a 32 anos e 8 meses de cadeia.
Desde então, seu nome constava na lista de procurados do Disque-Denúncia (2253-1177). Ligado à facção Comando Vermelho e oriundo da favela de Antares, em Santa Cruz, Bruninho BR fugiu junto com outros líderes que tinham atuação no Complexo do Alemão. Na ocasião, a unidade não registrava uma fuga há 11 anos.
Bruninho sempre trabalhou para o chefão da localidade do Tabajaras, Ronaldo Lima e Silva, o Ronaldinho Tabajara ou R9, preso em Bangu 3. Este último é apontado como inimigo declarado e suspeito da morte por estrangulamento do traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, em 2003, na mesma unidade prisional. Marcinho era chefe do Santa Marta. “Ele chefiava as quadrilhas do Tabajaras e do Dona Marta e os traficantes ainda usam o nome dele para ameaçar policiais”, lembrou o comandante Márcio Rocha.