Por felipe.martins

Rio - O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) vai solicitar nesta terça-feira à Polícia Civil que investigue a autoria de atos de vandalismo em alguns pontos ao longo dos 73 quilômetros do Arco Metropolitano do Rio. Conforme O DIA publicou no domingo, a rodovia, que custou R$ 1,9 bilhão aos cofres públicos —quatro vezes mais que o previsto — está sem segurança adequada e sem manutenção de sua infraestrutura. O contrato do DER, responsável pela operação e monitoramento da via junto à União, expirou no mês passado e até agora a nova licitação está emperrada no Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).

Posto do DER na altura de Miguel Couto%2C em Nova Iguaçu%2C está abandonado. Há vestígios de vandalismoPaulo Araújo / Agência O Dia

Na quinta-feira, a reportagem constatou, por exemplo, o abandono de um dos postos de apoio do DER, na altura de Miguel Couto, em Nova Iguaçu. No local, há uma perfuração na porta de madeira, supostamente provocada por disparo de arma de fogo. No chão, a equipe encontrou uma cápsula de bala calibre 38. No interior e arredores do posto, feito de fibra de vidro, havia vestígios de fogueiras, cobertores e roupas.

Segundo o DER, “o posto será retomado assim que a licitação do novo contrato de operação, monitoramento, segurança e conservação for aprovada”. “O DER vai solicitar investigação sobre os supostos atos de vandalismo e violência”, diz nota do departamento.

Cápsula de projétil 38%3A terrorPaulo Araújo / Agência O Dia

O TCE informou que ainda não tem data prevista para a nova licitação. O processo não tinha especificações técnicas sobre os serviços previstos na operação da estrada e por isso caiu em exigência. Também foi determinada a revisão da estimativa de veículos que passam na rodovia. As informações foram encaminhadas aos conselheiros no dia 11.

?Burocracia que resulta em riscos

Sem a presença de funcionários do DER e de outros órgãos que ajudavam a manter a infraestrutura do Arco Metropolitano, inaugurado há apenas um ano, motoristas temem acidentes e denunciam constantes assaltos. Os bandidos atacam principalmente à noite, em boa parte dos 73 quilômetros já concluídos, entre Duque de Caxias e o Porto de Itaguaí.

Cerca de 30 mil veículos cruzam o trecho por dia. Caminhoneiros reclamam da escassez de placas indicativas, do matagal que já toma conta das laterais e invade pistas, da falta de reboques e da não existência sequer de um posto de combustíveis, além da ausência de policiamento e da iluminação precária.

Em nota, o DER garante, entretanto, que “a via está monitorada pelos órgãos de segurança do estado”. O TCE informou que o edital de operação está orçado em R$ 22.245.165,36. O processo da licitação foi votado pelos conselheiros em 9 de julho e agora eles estudam as respostas do DER. Não há prazo para a conclusão do trâmite.

“Enquanto essa burocracia impera, nós (motoristas) corremos riscos, inclusive de vida, diariamente”, desabafou o carreteiro José Roberto da Silva, 49 anos, que transporta material elétrico entre Magé e Japeri. “Se o veículo quebrar, não há como pedir socorro. A não ser contar com a solidariedade de outros colegas”.

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