Por paloma.savedra

Rio - Dez acusados de exploração sexual infantil e outros crimes do caso 'Meninas de Guarus' foram interrogados nestas segunda e terça-feiras na 3ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, durante a audiência de instrução e julgamento. Testemunhas de acusação e sete de defesa também foram ouvidas. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que denunciou o grupo, também participou da audiência.

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De acordo com o MP, na terça, exceto o réu Renato Duarte, que será ouvido posteriormente, todos os acusados foram interrogados. São eles Leilson Rocha da Silva, Thiago Machado Calil, Fabrício Trindade Calil, Ronaldo de Souza Santos, Robson Silva de Barros Costa, Nelson Nahim Matheus de Oliveira, José Siqueira de Azevedom, Marcus Alexandre dos Santos, Jayme Cesar de Siqueira e Dovany Salvador Lopes.

A denúncia aponta que parte dos acusados mantinha e explorava crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos em cativeiro em uma casa em Guarus, distrito de Campos, para prostituição e exploração sexual. Elas eram vigiadas por homens armados e ainda eram obrigadas a consumir drogas — como cocaína, haxixe, crack, ecstasy e maconha — para atender clientes.

As próximas fases do processo são a apresentação de documentos, alegações finais e prolação de sentença.

Vítimas chegavam a fazer 30 programas por dia

A quadrilha levava as vítimas até os clientes em motéis e até em alguns hotéis de Campos. Além disso, recebiam comida e drogas como pagamento. Em alguns casos, recebiam uma parte do valor pago pelo "cliente".

Para facilitar a atuação do bando, os criminosos firmaram convênios com proprietários de hotéis e motéis locais, onde parte dos encontros era realizada. As vítimas chegavam a fazer 30 programas por dia e, em alguns casos, com o nariz sangrando por conta do consumo de cocaína.

As investigações do caso começaram em 2009, quando a Polícia Civil abriu inquérito para apurar a morte de duas meninas envolvidas em uma rede de pedofilia e prostituição no bairro de Guarus, no município. O caso, denonimado 'Meninas de Guarus' teve maior repercussão após a prisão de um dos envolvidos.

No entanto, a falta de resolução do caso levou à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, na Câmara dos Deputados em Brasília. Houve ainda duas audiências na Câmara Municipal de Campos, presididas pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Marcelo Freixo.

O Ministério Público deu reencaminhamento ao caso, depois de um pedido feito em 2013 por Freixo ao procurador-geral do Estado, Marfan Vieira. Recentemente, o Ministério Público ofereceu denúncia e o processo está na 3ª Vara Crimina de São João da Barra, depois que 17 juízes de Campos terem sido impedidos de atuar no caso.

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