Por felipe.martins

Rio -  Cicatrizes são sinais manifestos de feridas passadas, marcas de dores que ficaram para trás. Mas que dizer das chagas que o tempo não fecha? Da dor que não cicatriza nunca? Este é o caso de aproximadamente 350 mil pessoas hoje compelidas a viver com feridas crônicas, somente no Estado do Rio de Janeiro, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No Brasil inteiro, a estimativa é que cinco milhões de brasileiros padeçam de lesões abertas.

Trata-se, na prática, de sequelas não curadas.Embora silencioso, este problema de saúde vem sangrando não apenas a vida das pessoas, mas também as contas públicas — na medida em que aumentam os custos com auxílios, tratamentos permanentes financiados pelo SUS e aposentadorias compulsórias. A propósito, dados do INSS já fizeram acender o sinal vermelho: feridas crônicas são, hoje, a 10ª maior causa de afastamento (temporário ou permanente) do trabalho no Brasil.

Cerca de 200 mil trabalhadores estão impossibilitados de exercer as suas atividades justamente por conta deste problema.Mesmo não estando no foco das principais discussões de saúde pública, esta questão é potencialmente danosa, razão pela qual é melhor prevenir do que remediar. Informações para minimizar o problema já existem: hoje se sabe que as feridas crônicas estão em boa parte associadas a doenças como diabetes, hipertensão, anemia falciforme, insuficiência vascular e hanseníase.

Se diagnosticadas precocemente, é bem possível que não causem situações mais dramáticas, como amputações parciais ou totais.Como os investimentos em saúde tendem, cada vez mais, a se dar no âmbito preventivo, somente com a vinda do tema da ferida crônica para os grandes debates de saúde pública poderemos dar um passo importante para reduzir o número de pessoas no país afetadas por esta doença. As políticas públicas devem não apenas incorporar as novas tecnologias para tratar destes pacientes, mas também incentivar os fóruns entre especialistas com o estímulo à participação de toda a sociedade. Consciência e transparência são a chave para começarmos a resolver o problema.

Jair Bittencourt é deputado estadual (PR) e pres. da Com. de Saúde da Alerj

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