Por paulo.gomes

Rio - O corpo do sargento da Polícia Militar Marcelo de Moraes, assassinado durante uma tentativa de assalto na manhã desta sexta-feira, em Sulacap, já está no Instituto Médico Legal (IML). A irmã da vítima, Márcia Moraes, não escondeu a revolta com trágica morte do PM que estava há 20 anos na corporação.

"A farda era o amor da vida dele, ele amava ser policial. Fico revoltada com a morte dele, porque as pessoas estão preocupadas com os bandidos mirins do que com os policiais. Quando morre um policial, as pessoas não dão tanta importância", desabafou.

Agentes da Divisão de Homicídios (DH) realizaram a perícia no local aonde o PM Marcelo de Moraes foi morto nesta sexta-feira%2C em Sulacap%2C durante uma tentativa de assaltoSeverino Silva / Agência O Dia

O sargento serviu um período no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e, depois de uma cirurgia, foi transferido para o 16ºBPM (Olaria) onde estava atualmente. Segundo a irmã, Marcelo de Moraes já poderia ter se aposentado, mas não o fez por amor a Polícia Militar.

"Ele poderia até ser te aposentado por conta do problema da cirurgia. Mas ele preferiu continuara na polícia porque ele gostava e segundo por questões financeiras", afirma.

Motorista fez disparos na direção dos ladrões

O policial militar e um criminoso morreram em confronto que parecia cena de filme de ação. O tiroteio aconteceu às 6h na Avenida Marechal Fontenelle, e deixou outro PM baleado no abdômen. Abordados por dois homens que tentaram assaltá-los, os policiais reagiram e os quatro trocaram tiros. Um motorista que passava pelo local e que seria funcionário dos Correios, ao ver a cena, parou para ajudar os PMs. Ele pegou a arma de um dos militares e fez vários disparos na direção dos ladrões.

Um dos suspeitos fugiu. Em seguida, a testemunha levou o policial ferido para o hospital e voltou à cena do crime. Lá, relatou aos agentes da Delegacia de Homicídios (DH) o que havia acontecido. O sargento Marcelo de Moraes, baleado na cabeça e no peito, era lotado no 16º BPM (Olaria). Ele é o quarto PM morto em menos de uma semana no Rio. Moraes também foi do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Os tiros ainda acertaram um ônibus lotado de passageiros, que ficaram em pânico. O vidro traseiro de um veículo também foi estilhaçado. Ninguém ficou ferido.

Moraes e o cabo Antônio Carlos Dias Leite foram abordados quando seguiam de moto para um curso do Comando de Operações Especiais (COE), no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), a 500 metros do local do crime. Os assaltantes também estavam de moto. Dias foi levado para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, e não corre risco de morrer. Ele levou um tiro no abdômen.

Um vídeo divulgado no Facebook mostra um dos policiais se arrastando para procurar abrigo atrás de um carro. As imagens ainda registraram também o homem pegando a arma do PM e atirando na direção dos criminosos. Segundo a polícia, o suspeito que morreu é Leandro César Leite, que seria do Complexo do Chapadão, em Costa Barros.

Segundo o delegado da DH, Rivaldo Barbosa, o motorista que atirou prestou depoimento, mas não será indiciado. A identidade dele não foi revelada. O delegado classificou a reação como heróica. “Ele agiu como um cidadão. Reagiu para ajudar os policiais. Foi até uma atitude heróica”, elogiou Rivaldo, que ainda não se sabe se o criminoso foi morto pelos policiais ou pela testemunha.


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Quatro PMs mortos somente nesta semana

O sepultamento de Marcelo de Moraes acontecerá no sábado, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O horário ainda não está definido. O sargento, que tinha três filhas, foi o quarto policial militar morto somente nesta semana.

Na madrugada de segunda-feira, o soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Formiga, Bruno Rodrigues Pereira, de 30 anos, foi assassinado de forma cruel por traficantes da comunidade Dom Bosco, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele levou um tiro nas costas e foi arrastado amarrado a um cavalo por cerca de um quilômetro até a comunidade da Lagoinha. O PM estava na comunidade para encontrar o irmão.

Os PMs Bruno Rodrigues Pereira%2C Caio César Ignácio Cardoso de Melo e Alyson Leonardo Egidio Alves foram assassinados nesta semanaReprodução Facebook

Na última quarta-feira, a vítima foi o soldado da PM Caio César Ignácio Cardoso de Melo, da UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão. Ele foi baleado durante uma troca de tiros durante confronto com traficantes na comunidade. O PM, que tinha completado 27 anos na segunda-feira, também era dublador e, entre muitos outros trabalhos, deu vida ao personagem Harry Potter, da escritora J.K. Rowling, que lamentou a morte através da sua rede social.

Na tarde de quinta-feira, o PM Alyson Leonardo Egidio Alves, da UPP Salgueiro, foi morto em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele estava no salão de beleza da esposa, quando foi surpreendido por pelo menos três criminosos armados num carro vermelho. Segundo o 21ºBPM (São João de Meriti), os bandidos viram a arma na cintura do PM e disparam três tiros contra ele. O sepultamento de Alyson será nesta sexta-feira, às 17h, no Cemitério de Irajá.

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