Por nicolas.satriano

Rio - Já pensou viver para sempre no Horário de Verão? O regime especial começa em parte do Brasil no primeiro minuto deste domingo — quando os relógios devem ser adiantados em uma hora —, e quem pôs o pé para fora de casa nesta sexta-feira, quando o Rio registrou 42,8 graus (a terceira maior temperatura da história), pode ter calafrios diante da possibilidade. Chilenos e argentinos, por exemplo, não sabem o que é atrasar os ponteiros há um bom tempo. Tudo para economizar energia.

INFOGRÁFICO com informações sobre mudanças no Horário de Verão 

A máxima desta sexta-feira ficou a meio grau do recorde absoluto, num clima digno de Horário de Verão. Hoje, a fornalha deve ceder um pouco, ‘caindo’ para nada amenos 32 graus, e sem possibilidade de chuva. Dá praia, mas convém respeitar o mar, cujas ondas poderão chegar a três metros até amanhã.

No Centro%2C foi duro andar embecado sob uma ‘lua’ de mais de 40 graus ontemMaíra Coelho / Agência O Dia

Nem só de sol até mais tarde vive o Horário de Verão, que tem na economia de energia seu maior objetivo. Nesta época do ano, o Rio, por exemplo, tem cerca de 14 horas de luz por dia — contra pouco mais de dez horas no alto inverno. Na ‘hora solar’, o meio-dia é quando o Sol está no ponto mais alto do céu.

Jogar os ponteiros uma hora mais tarde ‘empurra’ o pôr do sol para o início da noite (mas atrasa a alvorada). Poupa-se até 4,5% de energia. Há quase dez anos o horário tem datas fixas, indo do terceiro fim de semana de outubro ao terceiro fim de semana de fevereiro — salvo quando tem eleição ou Carnaval no meio.

Mas e se o nosso Horário de Verão entrasse inverno adentro? Na Argentina não se mexe nos ponteiros há uns cinco anos, mas eles estão no ‘fuso errado’, como se vê ao lado. Chilenos fizeram a mesma coisa este ano. Deviam ter voltado ao fuso UTC -4 em março, mas ficarão em UTC - 3 pelo menos até 2017. Espera-se economizar até 25% de energia em dez anos.

Seria bom para a gente? “Se o Brasil seguir o Chile, pode aumentar a produtividade. O impacto no inverno não seria grande, pois, como sabemos, não temos um inverno rigoroso”, opina o psicólogo João Oliveira.

A professora Beatriz Acampora ressalta a importância de pensar na rotina: “Mudança permanente como essa deveria considerar também uma alteração do horário de início de determinadas atividades, como as escolares”.

Luiza Elena, médica especializada em sono, vê com ressalvas a ideia de o Brasil mudar de fuso para sempre. E cita o exemplo chileno. “O ritmo circadiano mantém o corpo alerta nas horas de claridade e ajuda-o a relaxar à noite. Assim, tendemos a acordar no mesmo horário, mesmo nos dias em que poderíamos dormir até mais tarde. Dormir uma ou duas horas mais tarde além do horário habitual pode causar

Questionado pelo DIA, o Ministério das Minas e Energia, que regula o Horário de Verão, enviou a seguinte explicação: “Tendo em vista que após o período estabelecido as diferenças na duração da luminosidade natural não são mais percebidas de maneira significativa, não se justifica a extensão. Entendemos que o Horário de Verão na maneira como está sendo praticado é o mais adequado.


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