Por gabriela.mattos

Rio - "A violência está em todo lugar. E, desta vez, tirou a vida de uma pessoa tão produtiva para a sociedade e que estava indo para o trabalho salvar outras vidas. Um ser humano exemplar, médico, amigo e pai dedicado”. Foi assim, com a voz embargada, que o colega de profissão, o médico Luiz Carlos Pacheco, 65 anos, se despediu neste domingo, juntamente com a família do cardiologista Jorge de Paula Guimarães, 63, assassinado na manhã de sábado, durante tentativa de assalto na Avenida Brasil. Ele seguia para o Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste.

O corpo da vítima foi enterrado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Sobre o caixão, uma camisa do Flamengo, time de coração de Jorge. No cortejo, parentes e amigos fizeram orações e se mostravam indignados. Muito abalada, a família não quis dar entrevistas.

No cortejo no Cemitério São Francisco Xavier%2C parentes e amigos fizeram orações e se mostravam indignadosBruno de Lima / Agência O Dia

Também cardiologista, Luiz foi colega de Jorge por 30 anos. Os dois trabalharam juntos no Hospital Universitário Antônio Pedro e na clínica Seacor, em Piratininga, Niterói. A vítima já havia sido assaltada em frente à unidade no começo deste ano e na ocasião acabou perdendo o carro. Após o episódio, Jorge dizia que numa próxima tentativa de assalto, ele reagiria, relatou Luiz.

“Se ele tivesse a oportunidade de reagir e pegar o assaltante, ele faria isso. Ele estava muito indignado com a violência. Quando foi assaltado em frente à clínica, apontaram uma arma na cabeça dele. A gente não vê nada sendo feito contra isso. Era um homem dedicado à Medicina. Estava sempre trabalhando, provavelmente para salvar vidas de muitos bandidos que estão na rua”, desabafou o médico.

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Médico seguia para o plantão no Rocha Faria quando foi surpreendido por bandidosReprodução

No entanto, pacientes e amigos do cardiologista refutam essa ideia e acreditam que ele tenha sido vítima de tentativa de assalto. Eles contam que o médico era muito dedicado e querido pelos pacientes. “Nas horas vagas, ele gostava de estudar. Era dedicado”, completou Luiz Carlos.

Já o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, afirmou que são frequentes as ameaças feitas aos profissionais de hospitais públicos e também a peritos do INSS. Para ele, é necessária uma medida que proteja esses trabalhadores.

“Queremos uma audiência com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame para tratar desse assunto”, disse Darze.

Tiro atingiu a nuca do médico

O assassinato causou comoção e revolta entre pacientes do cardiologista Jorge de Paula Guimarães. Sem se identificar, mãe e filha contaram que se tratavam com ele há mais de 15 anos.

“Fui enfermeira antes de amputar a perna e já trabalhava com ele. Quem tratava da minha hipertensão era ele. As pessoas faziam fila atrás dele no Rocha Faria. Era um ótimo médico e muito dedicado a todos”, afirmou uma delas.

A principal hipótese levantada pela Polícia Civil é de tentativa de roubo seguida de morte. Segundo a Divisão de Homicídios (DH), a vítima pode ainda ter reagido ao assalto e depois acelerou o carro. Segundo a DH, o tiro atingiu a nuca do médico.


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