Rio - Por determinação da Justiça, a diretora da Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste, Andreia Oliveira, e a subdiretora, serão afastadas dos cargos até que se apure a responsabilidade sobre o caso de uma detenta, grávida de nove meses, colocada em isolamento e que acabou dando à luz sozinha, no último dia 11. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que vai acatar a ordem judicial.
“Vamos adotar todas as medidas legais cabíveis. Consta no relatório que a presa teve o bebê dentro do isolamento e, mesmo com os gritos de outras detentas pedindo ajuda, ela só saiu com o bebê já no colo, com o cordão umbilical pendurado. Isso é de uma indignidade humana inaceitável nos dias de hoje e por conta disso é cabível o pedido de afastamento provisório da diretoria do presídio para que se apure tudo o que ocorreu”, ressaltou o juiz titular da Vara de Execuções Penais (VEP), Eduardo Oberg, que decidiu afastar a diretoria do presídio.
O juiz também ordenou que seja aberto um inquérito policial na 34 ª DP (Bangu) para investigar o que ocorreu. E ainda, a Seap terá que abrir um procedimento interno para apurar o que aconteceu com a gestante.
O magistrado também vai encaminhar ao Ministério Público informações sobre o processo. Oberg também determinou que a presa seja transferida para um hospital psiquiátrico. Para o magistrado houve omissão no relato da diretora do presídio para o juiz Richard Robert Fairclough, responsável por fiscalizar a unidade.
“Ela negou a ocorrência do fato, mas foi desmentida pelas presas, que relataram ao juiz Richard tudo que aconteceu no dia do parto. Após ter o bebê e ser atendida no hospital, a detenta ainda retornou ao isolamento. Isso é um absurdo”, enfatizou. Também por determinação da Justiça, o bebê foi encaminhado para um abrigo.
Interna estava 'agressiva', segundo Seap
Segundo nota enviada pela Seap, "a interna estava em uma unidade individual porque estava muito agressiva e, para sua segurança e das demais gestantes, foi mantida separada".
A secretaria nega que a mulher tenha sido submetida a isolamento disciplinar. O texto informa que "ela foi atendida pela unidade psiquiátrica e reconheceu, diante do médico, que era usuária de crack antes de ser presa por tráfico de drogas em abril desse ano".
Também consta na nota que "a interna foi levada para penitenciária por ter descoberto a gravidez e, nessa unidade, há duas celas separada para detentas que estão em período de gestação".
A mulher teria sofria com crises de abstinência de drogas e "sem consciência de que estava em trabalho de parto", acabou dando a luz dentro da cela. De acordo com as informações da secretaria, inspetores de segurança chamaram o atendimento e a interna foi levada para o Hospital Estadual Albert Schwaitzer, em Realengo.
Também segundo a Seap, a mãe teria tentado agredir a criança e, por isso, o filho da mulher foi encaminhado para um abrigo municipal. Após receber alta do hospital, a mulher retornou para o presídio. mas será encaminhada para o Hospital Psiquiátrico Roberto Medeiros para tratamento.