Por marlos.mendes

Rio - A mala de grife abandonada no acesso a uma das instalações olímpicas chama a atenção do agente de segurança, que ao recolher a bagagem deflagra uma enorme explosão. Para tentar evitar que a cena hipotética se torne realidade durante os Jogos de 2016, a Polícia Civil vai treinar uma força-tarefa composta por 600 homens - entre policiais civis, militares, guardas municipais e agentes de segurança do Metrô e da Infraero — para agir num atentado a bomba.

O curso “Primeira Resposta em Ocorrências Antibombas” foi formulado visando a proximidade dos Jogos Olímpicos para ensinar o que não se deve fazer diante da ameaça de uma explosão.

“A proposta não é formar especialistas em desarmar explosivos, mas apontar os erros que podem potencializar um possível atentado”, ressalta o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso.

Alunos aprendem desde noções de comportamento até técnicas de identificação de ameaças de terrorDivulgação

É o caso do exemplo citado no início da reportagem. “O agente treinado sabe que jamais deve mexer numa sacola abandonada. Esse é um erro comum que pode resultar em mortes caso haja um artefato explosivo na bolsa”, explica a delegada Jéssica Almeida, diretora da Academia de Polícia Civil.

De acordo com a diretora da Acadepol, os agentes aprendem que numa situação como essa é preciso isolar o local, estabelecendo um perímetro de segurança até a chegada dos técnicos do Esquadrão Antibombas.
Publicidade
O conteúdo das aulas foi elaborado por especialistas do esquadrão, seguindo protocolos colocados em prática nos Estados Unidos e em países da Europa. Além das aulas teóricas, os agentes selecionados também são apresentados a diferentes tipos de explosivos usados por terroristas e ainda participam de simulações. 
Lições de psicologia
Os alunos do curso “Primeira Resposta em Ocorrências Antibombas” não aprendem apenas a tomar precauções diante de uma mala abandonada numa área movimentada. Eles também recebem noções de como identificar possíveis autores de ataques e os diferentes tipos de artefatos explosivos e, sobretudo, ameaças com agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares.
Publicidade
De acordo com o coordenador do programa de capacitação extraordinária para grandes eventos da Acadepol, Alexandre Lobão Soares, os especialistas do Esquadrão Antibombas mostram aos alunos as técnicas que permitem a identificação dos tipos de bombas e como se deve agir para minimizar danos em cada situação.
O programa do curso é dividido em dez itens que incluem desde a análise comportamental dos criminosos até o tópico que detalha as razões para o autor de uma ameaça informar sobre a possível existência de uma bomba.
Publicidade
Os ataques recentes ocorridos em Paris, na França, e em países da África vêm revelando uma face ainda mais cruel dos extremistas envolvidos nos atentados terroristas. O emprego de denúncias como armadilha para atingir um número maior de vítimas, sobretudo, policiais, integrantes de esquadrões antibombas e socorristas.
Terror de Paris alertou brasileiros
Os recentes atentados terroristas praticados por extremistas ligados ao Exército Islâmico, sobretudo, na França deixou em alerta as autoridades de Segurança envolvidas no planejamento dos Jogos Rio 2016. Apesar de não acreditarem que o país possa se tornar alvo de ataques, a diretora da Acadepol, Jéssica Almeida, e o coordenador do programa de capacitação extraordinária para grandes eventos, Alexandre Lobão Soares, defendem a capacitação dos agentes como medida para evitar o pior.
Publicidade
“O brasileiro é muito cético em relação a esse tipo de ameaça. Afinal de contas, não temos um histórico de envolvimento em conflitos externos, como os Estados Unidos e Israel, por exemplo, mas não podemos descuidar da segurança da população, das delegações de atletas e autoridades. Os grandes eventos nos transformaram em palco e isso pode atrair sim a atenção desses grupos”, acredita a delegada Jéssica Almeida.
Precaução que justifica até a inclusão na grade de um dos cursos de aulas de “Segurança Icônica” voltada à elaboração de estratégias de proteção de símbolos, como o Cristo Redentor, no Rio.
Publicidade
Reportagem de Sérgio Ramalho
Você pode gostar