Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - “Disseram que o calor aqui é insuportável, então, só trouxemos roupas curtas. O resultado é que estamos congelando! Por sorte, colocamos alguns casacos e calças compridas na mala”, contou a canadense Cassandra Fonseca, enquanto tentava se agasalhar com uma bandeira do Brasil em plena Praia de Ipanema.

Se os turistas canadenses estão “congelando”, é porque há algo errado com o clima. As chuvas de novembro superaram a média histórica no Rio e, contra todas as expectativas do “calorão” de fim de ano, dezembro também chegou entre nuvens. As temperaturas amenas dividem a opinião de moradores, comerciantes e turistas na cidade cujo verão é famoso no mundo inteiro.

Durante Operação ‘Pavio Curto’%2C na Avenida Radial Oeste%2C agentes rebocaram veículos que estavam sem licenciamento e em débito com IPVAMaira Coelho / Divulgação

O frio e a chuva também surpreenderam as argentinas Verônica Penzoti e Melisa Brandt. “Eu quero calor para ir à praia”, reclamou Melisa. Já Verônica considera que o clima ameno é melhor para visitar pontos turísticos. “Ficam bem mais vazios”, ponderou.

Para o vice-presidente do setor de hospedagem do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), Fernando Blower, as chuvas de novembro assustaram os turistas e o número de cancelamentos aumentou. “A praia é o principal atrativo na região litorânea”, lamentou.
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Longe das praias, o clima ameno também divide opiniões. Para o vendedor ambulante Gilson Ramiro, tempos chuvosos trazem bons negócios. “Tenho vendido cerca de duas caixas de guarda-chuvas por dia, quase 25 unidades”, afirmou ele. “Em um dia nublado dá para tirar uns R$ 300. Quando chove forte, se eu me esforçar bastante desde cedo, faço até R$ 1 mil. Em dezembro isso é incomum”, comemorou.
Na sorveteria Officina del Gelato, no Centro, a atendente Juliana Costa lamentou a temporada chuvosa. “O movimento de dezembro costuma ser bem maior. A essa hora, você não conseguiria entrar na loja”, disse. “Pelo menos consigo andar na rua sem morrer cozido”, completou Fernando Bouzon.

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Economia de água não deve parar
O aumento das chuvas significa uma ótima notícia para reservatórios de água que abastecem o Rio de Janeiro. De acordo com o relatório da Agência Nacional de Águas, o volume útil da Bacia do Rio Paraíba do Sul subiu para 11,69%, contra 3,47% em dezembro do ano passado.
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A expectativa de um período chuvoso, entretanto, não deve suspender a economia de água, pois a precipitação acumulada não será suficiente para reverter o quadro de seca na Região Sudeste do Brasil. “Os reservatórios ainda estão muito abaixo do normal”, alertou a meteorologista Bianca Lobo, do Portal Climatempo.
Os amantes do tempo úmido podem comemorar. Os dias de chuva devem se prolongar até a próxima semana, e serão frequentes neste verão. Segundo a meteorologista Bianca, a estação mais animada do Rio será quente, mas não haverá períodos prolongados de calorão.
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As previsões dão contam de que hoje a chuva deve dar uma trégua aos cariocas. Haverá apenas pequenas pancadas esparsas. No final da tarde, a cidade enfrentará fortes rajadas de vento de até 60 quilômetros por hora.