Por bianca.lobianco
Rio - Em tempos de mosquitos à solta, os repelentes estão bombando. O produto é um velho conhecido do público e, normalmente, custa pouco. Mas o aumento de casos de doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti elevou a procura e, consequentemente, os preços, que variam de R$ 10 a R$ 90.
Os exemplares da marca Exposis já são artigo de luxo. O produto é dos mais caros à venda, e promete manter os insetos longe por até dez horas - na realidade, de acordo com uma pesquisa feita pelo Protest, a proteção dura cerca de três horas.
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As marcas mais comuns são Off, Repelex e Xô Inseto. Todas com versões em loção e spray, em recipientes de 100 a 200 ml. Mesmo que feitos à base de compostos semelhantes, cujo índice determina a proteção, os repelentes têm preços variáveis.
Márcio Franca%2C gerente de farmácia no Centro%3A “Tem gente que compra mais de cinco OFFs de uma vez”Márcio Mercante / Agência O Dia

O DIA visitou 14 farmácias no Centro, Zona Sul e Zona Norte do Rio e flagrou diferenças de mais de 90% em produtos de uma mesma marca. O aumento foi notado pela designer Simone Nogueira, que optou por uma marca desconhecida. “O Off estava muito caro. É um absurdo cobrarem mais de R$ 30 por um vidro de repelente”, reclamou. Segundo ela, o produto, indicado pelo próprio farmacêutico, não decepcionou. “Achei o cheiro mais gostoso e não me deu nenhuma alergia”, elogiou.

Já a procura pelo Exposis está se tornando uma “via-sacra” para os cariocas. Nas farmácias visitas pelo DIA, os produtos sumiram das prateleiras e, segundo os vendedores, não há previsão de chegada. Na Drogaria Raia da Rua do Catete, 193 clientes estão na fila de espera pelo repelente, que custa entre R$ 48 e R$ 90.
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De acordo com o consultor Rodolfo Rodrigues, será preciso ter paciência. “Estamos com dificuldade na compra e a empresa entrega aos poucos”, explicou.
O gerente Márcio de França, responsável pela Drogaria Tiradentes, no Centro, já desistiu de oferecer o produto. “As pessoas estão rodando a cidade toda atrás do Exposis, mas já acabou tudo. Além dele, o que vende mais é o Off Family. Tem gente que compra uns cinco de uma vez”, afirmou Márcio.
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De acordo com o presidente da Sociedade de Infectologia do Estado, Alberto Chebabo, o repelente “de luxo” tem maior durabilidade. “O Exposis é à base de icaridina. Sua concentração é de 25%”, explicou o infectologista Chebabdo.
Confira a média dos preços dos repelentesArte%3A O Dia

Segundo o Proteste o tempo de ação do Exposis é de 3h - contra cerca de 90 minutos do popular Off Family.

Nos dias 16 e 17 desse mês, o PROCON checou possíveis irregularidades em 37 drogarias. “O cliente deve estar atento aos preços. Caso aconteça de cobrar mais, as pessoas podem e devem reclamar”, aconselha Fábio Domingos, diretor do órgão.
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Fórmulas naturais são polêmicas
Para fugir dos altos preços do mercado, há quem tente fazer seu próprio repelente em casa. É o caso da estudante Anna Luiza Costa, que usa uma receita de família. “Acho repelente muito químico, então uso uma fórmula que aprendi com minha avó. Misturo álcool, óleo Johnson e cravo”, explicou Anna. A estudante garante que a receita é sucesso. “Até na fazenda do meu pai, onde só tem mato, ele funciona. Se eu não suar muito, dura umas duas horas”, afirmou.
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Entretanto, o infectologista Alberto Chebabo alerta que a eficácia das receitas naturais não é comprovada cientificamente. “Tem gente que usa cravo da índia, andiroba, citronela. Nada disso funciona A proteção vai durar no máximo alguns minutos”, diz.
O documento publicado no portal da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio confirma o alerta, afirmando que “repelentes baseados em compostos botânicos são muito voláteis, evaporam rapidamente e conferem proteção com durabilidade inferior a 20 minutos”, além da falta de eficácia comprovada pela ANVISA.