Por bianca.lobianco
Rio - Parece pegadinha, mas não é. A coroação de um projeto do município orçado em mais de R$ 7 milhões está bem confusa. Já parcialmente construída, uma ciclofaixa na Avenida Paris, em Bonsucesso, acabou ‘apagada’ duas vezes por erro em execução da obra. A ideia inicial é ampliar a malha cicloviária na Zona Norte, mas a dificuldade em concluir o trecho de 755 metros leva usuários a perguntar quando a intervenção realmente sairá do papel.
“Não acreditei quando vi que a ciclofaixa tinha virado estacionamento de carros”, reclamou a ciclista Débora Fontes, do Fórum dos Ciclistas e Transportes Ativos da Leopoldina.

Para resolver a questão, até a Ordem dos Advogados do Brasil foi chamada. “Os ciclistas tinham um ponto de vista e o projeto da prefeitura contemplava outro. Todos tinham interesses. O que faltava era diálogo”, expicou o presidente da OAB Leopoldina, Fred Mendes.

Trecho pronto que foi desfeito na avenida%2C após reclamação dos comerciantes%3A invasão constante de carros%2C e bicicletas no meio da ruaFoto de leitor

O quiprocó foi grande até que ficasse acertado o que seria da ciclofaixa. O novo caminho é parte de um plano ambicioso da Secretaria Municipal de Meio Ambiente para integrar, via bicicleta, a Zona Norte da cidade. No centro comercial do bairro, a rota pretende ligar a estação de trem de Bonsucesso ao BRT Transcarioca e à TransBrasil.

“É uma alternativa excelente que conecta dois modais, a melhor opção para quem precisa fazer essa integração. Entre ficar com a ciclofaixa de um lado ou outro, resolveram tirar dos dois lados. Parece descompromisso com o dinheiro público”, criticou Luan Ferreira, representante da Associação de Ciclistas da Ilha.

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“O projeto original era pela esquerda, e agora estamos refazendo a ciclovia pelo lado direito. Quando o trajeto passa pelos pontos de ônibus, há um desvio, do mesmo modo que ocorre em Ipanema, por exemplo. Não há oneração do erário, já que a obra é uma contrapartida da (ThyssenKrupp) CSA”, justificou o subsecretário de Meio Ambiente, Altamirando Fernandes Moraes.
Caso o gasto estimado por quilômetro for o previsto no projeto de ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas da prefeitura, só para concluir o trecho de Bonsucesso serão necessários quase R$ 350 mil.
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Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, porém, não houve desperdício de dinheiro público. A secretaria informou que a empresa responsável pelo erro arcará com os custos da ciclovia. A construtora escolhida pela CSA para executar o projeto é a Sierra Construções. Procurada pelo DIA, a Sierra não retornou aos pedidos de entrevista.