Encontrada morta dentro do apartamento onde morava, criança de 4 anos foi enterrada no Cemitério de Irajá
Por paulo.gomes
Rio - A pequena Micaella Almeida Ramos, de 4 anos, foi sepultada na tarde desta quinta-feira sob forte comoção. Aproximadamente 50 pessoas compareceram ao Cemitério de Irajá, na Zona Norte, para a despedida da menina que foi brutalmente assassinada na última terça, no apartamento onde morava, em Braz de Pina. O pai da criança, Felipe Ramos da Silva, 30, e a madrasta, Joelma Souza da Silva, 43, estão presos acusados da morte.
A mãe da menina, Marcele de Almeida, estava muito abalada e não conseguiu conversar com a imprensa. O corpo de Micaella chegou por volta das 15h40 ao cemitério e seria sepultado direto. Porém, familiares pediram para fazer um rápido velório, quando o caixão foi aberto. Minutos depois, durante o enterro, rezaram um Pai Nosso e pediram Justiça.
No entanto, antes do sepultamento, o clima ficou tenso. Surgiram boatos de que vizinhos teriam vindo ao cemitério para tentar agredir a mãe da menina, além de parentes do pai. Uma viatura da Polícia Militar esteve no local para garantir a segurança das pessoas. Muito abalado, Wellington Souza da Silva, 25, filho de Joelma, lembrou que havia denunciado as agressões que Micaella sofria em casa.
"A Justiça tem que ser feita. Era uma criança, uma vida. Já fiz uma denúncia anônima com um amigo na polícia e no Conselho Tutelar. Porém, o conselho me informou que tinha que ter pelo menos dez ligações para entrar no caso. Na creche onde ela estudava, a diretoria chamou o Felipe para explicar as agressões. Já entrei em briga corporal com a minha mãe por conta da garota. Uma vez ela jogou as minhas roupas pela janela e me expulsou de casa", diz.
Menina era queimada com cigarro, dizem vizinhos
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Presentes no sepultamento, vizinhos falaram sobre os maus-tratos sofridos pela pequena Micaella. Segundo alguns relatos, Joelma tinha o hábito de queimar com cigarros os braços da menina. "É muita indignação. Era um doce de criança. A gente tinha medo de denunciar aquele monstro (Joelma), pois quando íamos falar com ela e cobrar explicações porque a garota vivia machucada, ela vinha de forma agressiva. Era uma pessoa violenta", diz a doméstica Verônica Machado, de 38 anos, revelando que o Felipe também era agredido pela Joelma.
"O pai não impedia as agressões, porque tinha medo da mulher e apanhava também. Ela falava: 'a filha é minha, não tem que se meter'. Todo fim de semana a menina aparecia com hematomas", finaliza.
Segundo o laudo cadavérico emitido pelo Instituto Médico Legal (IML), foram ao menos 25 lesões. A maior delas, na cabeça, media 6,5 cm. O documento aponta que a criança pode ter sofrido traumatismo craniano e edema encefálico. Felipe e Joelma estão em celas isoladas no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
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Para o juiz Paulo Mello Feijó, da Vara do Plantão Judicial da Capital, são suficientes os indícios que comprovam a autoria do crime cometido pelo casal. O magistrado usou como base em sua decisão depoimentos do filho de Joelma, Wellington — que vivia com a mãe, o padrasto e Micaela —, de vizinhos da família e dos policiais militares que encontraram o corpo da menina.
“Wellington relatou que sua genitora agredia constantemente a criança, sempre com a permissão e até na presença do genitor desta”, ressaltou o juiz.
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Joelma e Felipe respondem por homicídio qualificado e fraude processual, por ter alterado a cena do crime.