Avenida Alberto Braune, no centro de Nova Friburgo - Paula Valviesse
Avenida Alberto Braune, no centro de Nova FriburgoPaula Valviesse
Por Paula Valviesse
Nova Friburgo ainda aguarda uma decisão do Tribunal de Justiça sobre a flexibilização do isolamento social. Na última quarta-feira (17/06), a prefeitura entrou com um pedido de suspensão da liminar, que revogou o Decreto 591/2020, pelo qual o município estabelecia as novas medidas de flexibilização para retomada gradual da atividade econômica no início deste mês.

Na liminar, em vigor há 19 dias, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro destacou a preocupação com um retorno precipitado das atividades econômicas, considerando a situação do sistema de Saúde no município, que, de acordo com as informações passadas pela própria Secretaria de Saúde, estava em sua capacidade máxima de atendimento, com todos os leitos de UTI ocupados, além de não ter sido estabelecido um sistema amplo de testagem para formular uma base concreta da evolução da doença na cidade.

No dia 1º, data em que a liminar entrou em vigor, a defensora pública Larissa Davidovich declarou: “O percentual de testes realizados na cidade gira em 0.2%, muito abaixo de um número seguro, o que nos aponta para uma possível subnotificação. Mas a questão que mais nos chama a atenção é o fato de no dia do ajuizamento da ação [29/05] termos atingido o percentual de 100% de leitos ocupados no sistema público de saúde”.

Sobre a questão, ouvimos o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) de Nova Friburgo, Braulio Rezende, e o diretor-executivo da Associação Comercial Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (Acianf), Roosevelt Concy, que expressaram a preocupação dos setores com a possibilidade da falência de empresas e aumento exponencial do desemprego no município.

“Temos que voltar a trabalhar, sob risco de falência generalizada de empresas friburguenses e explosão do desemprego na cidade. Estamos há 90 dias sem funcionamento e nos virando para conseguir pagar folha salarial, impostos, aluguel, fornecedores. É urgente que a roda da economia gire novamente”, afirma Braulio Rezende.

A preocupação com o impacto da pandemia na economia local é compartilhada pela Acianf: “Nova Friburgo está há 90 dias com os estabelecimentos fechados. Lamentavelmente, mesmo com a flexibilização, muitos não voltarão a abrir, já encerraram as atividades e não terão como retornar a normalidade”, complementa Roosevelt Concy.

Ampliação do número de leitos é a grande aposta para flexibilização

Para os representantes das entidades ouvidas, a ampliação da capacidade de atendimento no Hospital Municipal Raul Sertã, unidade referência do município, e a possibilidade de contratação de leitos particulares pela prefeitura, pode favorecer a decisão sobre a abertura gradual da economia.

“Neste período de 15 dias após a liminar, mantivemos diálogos com a prefeitura e com o Ministério Público. Foi feito um decreto de requisição de contratação de leitos de UTI na rede privada e o município já recebeu 29 respiradores, ampliando assim a sua capacidade de internações, inclusive com unidades semi-intensivas. Então, hoje a gente acredita que já reunimos as condições necessárias para que possamos retornar com as atividades das fábricas e do comércio”, diz Roosevelt.

Braulio Rezende também avalia o momento como ideal para implantar o processo de flexibilização gradual e seguro, considerando não só a ampliação do número de leitos, mas também os últimos dados divulgados sobre a doença: “Parece que a doença começa a desenhar curva descendente na cidade. Agora, o governo municipal deve colocar em prática, com a maior brevidade, um plano de retomada das atividades comerciais, industriais e de serviços”, defende o presidente da CDL e do Sincomércio.

Segundo a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, ainda não há previsão para que o recurso da prefeitura seja apreciado pelo Tribunal de Justiça.
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