Apesar da grandiosidade, os investimentos públicos quase não chegam na região. Campo Grande, que é o bairro com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da área, está em 15º lugar no ranking geral do Rio. Os dados só reforçam a necessidade de fazer um debate amplo e democrático sobre o Plano Diretor, que determina o planejamento urbano para os próximos dez anos. Este é um instrumento que deve ser construído coletivamente e com participação popular, para garantir o desenvolvimento de leis, estratégias e estudos que auxiliem na construção de uma cidade mais justa.
Este ano acontece a revisão deste plano, uma oportunidade de diagnosticar e observar os avanços e retrocessos na gestão e no desenvolvimento do município e de ouvir as diversas populações que vivenciam os problemas da cidade. E quem é da Zona Oeste enfrenta muitos desafios! Falta abastecimento de água e saneamento básico, transporte de qualidade, mobilidade urbana, equipamentos culturais e redes de saúde e creches que consigam atender à enorme população da região.
Sabemos que cabe ao Poder Executivo organizar o Plano Diretor, mas a responsabilidade não é só do Executivo. Cabe também ao Legislativo que fará a análise, discutirá e dará, com sua aprovação, a palavra final. A mobilização e intervenção da sociedade civil, devidamente organizada, será fundamental para garantir que o processo seja participativo e democrático. a situação econômica, social e sanitária precisa ser avaliada com bom senso, ouvir a população que vive o seu próprio cotidiano é chave desse processo. Ainda mais em plena pandemia. Não há a necessidade de atropelos!
Conduzir esse processo apenas por meio virtual reafirma a exclusão social dos grupos que não têm acesso à tecnologia necessária para participar por estes meios, os mais pobres da cidade, com pouco ou nenhum acesso à internet, smartphones e computadores e etc.
Já na primeira reunião do Conselho Municipal de Políticas Urbanas, realizada junto à Secretaria de Urbanismo, não houve consenso em relação ao cronograma de trabalho proposto pela prefeitura, que se mostrou irredutível em relação a mudanças no calendário e a novas propostas.
A Zona Oeste é grande em números e em importância. Os moradores precisam ser ouvidos. Tapar buracos e reformar praças é importante sim, mas precisamos de uma política urbana estrutural, construída com os moradores. O modo pelo qual trataremos a ligação da Zona Oeste com o resto do contexto da Cidade do Rio de Janeiro definirá os rumos desse município, não somente nos próximos 10 anos, mas para um futuro mais longínquo.
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