Por Eliomar Coelho* e William Siri**
A Zona Oeste é a maior região da cidade do Rio. São 42 bairros em 74% do território municipal, onde, em 2010, já moravam aproximadamente dois milhões e 400 mil pessoas. São 17 praias e uma restinga, a maior extensão litorânea do município. É possível visitar oito parques públicos, tomar banho em cachoeiras, visitar museus, se encantar com a obra magistral do Sítio Roberto Burle Marx e conhecer um pouco mais a história da família real portuguesa no Palacete Princesa Isabel.

Apesar da grandiosidade, os investimentos públicos quase não chegam na região. Campo Grande, que é o bairro com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da área, está em 15º lugar no ranking geral do Rio. Os dados só reforçam a necessidade de fazer um debate amplo e democrático sobre o Plano Diretor, que determina o planejamento urbano para os próximos dez anos. Este é um instrumento que deve ser construído coletivamente e com participação popular, para garantir o desenvolvimento de leis, estratégias e estudos que auxiliem na construção de uma cidade mais justa.

Este ano acontece a revisão deste plano, uma oportunidade de diagnosticar e observar os avanços e retrocessos na gestão e no desenvolvimento do município e de ouvir as diversas populações que vivenciam os problemas da cidade. E quem é da Zona Oeste enfrenta muitos desafios! Falta abastecimento de água e saneamento básico, transporte de qualidade, mobilidade urbana, equipamentos culturais e redes de saúde e creches que consigam atender à enorme população da região.

Sabemos que cabe ao Poder Executivo organizar o Plano Diretor, mas a responsabilidade não é só do Executivo. Cabe também ao Legislativo que fará a análise, discutirá e dará, com sua aprovação, a palavra final. A mobilização e intervenção da sociedade civil, devidamente organizada, será fundamental para garantir que o processo seja participativo e democrático. a situação econômica, social e sanitária precisa ser avaliada com bom senso, ouvir a população que vive o seu próprio cotidiano é chave desse processo. Ainda mais em plena pandemia. Não há a necessidade de atropelos!

Conduzir esse processo apenas por meio virtual reafirma a exclusão social dos grupos que não têm acesso à tecnologia necessária para participar por estes meios, os mais pobres da cidade, com pouco ou nenhum acesso à internet, smartphones e computadores e etc.

Já na primeira reunião do Conselho Municipal de Políticas Urbanas, realizada junto à Secretaria de Urbanismo, não houve consenso em relação ao cronograma de trabalho proposto pela prefeitura, que se mostrou irredutível em relação a mudanças no calendário e a novas propostas.

A Zona Oeste é grande em números e em importância. Os moradores precisam ser ouvidos. Tapar buracos e reformar praças é importante sim, mas precisamos de uma política urbana estrutural, construída com os moradores. O modo pelo qual trataremos a ligação da Zona Oeste com o resto do contexto da Cidade do Rio de Janeiro definirá os rumos desse município, não somente nos próximos 10 anos, mas para um futuro mais longínquo.
*Deputado estadual e **vereador, ambos do PSOL do Rio