Rodrigo Oliveira - secretário municipal de Saúde de Niterói e presidente do Cosems RJDivulgação

Por Rodrigo Oliveira*
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Doenças como hipertensão, infarto agudo do miocárdio, insuficiência e arritmias cardíacas, AVC e trombose são responsáveis por uma média de 340 mil mortes por ano. A maioria das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas se observarmos e trabalharmos fatores relacionados a hábitos de vida, como o uso de tabaco, alimentação não saudável, obesidade, sedentarismo e uso exagerado de álcool.
Exames simples como eletrocardiograma e medida da pressão arterial podem detectar alterações e possibilitar que medidas estratégicas sejam tomadas para evitar complicações. É muito importante visitas regulares a médicos para acompanhar sua saúde cardiovascular. Durante a pandemia, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, do Hospital Alberto Urquiza Wanderley e da Sociedade Brasileira de Cardiologia, identificou um aumento de mortes por doenças cardiovasculares de até 132%. No Rio de Janeiro o aumento foi de 38% e especialistas defendem que a diminuição da frequência ao acompanhamento médico seria a causa deste aumento.
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Para cuidar desse agravo é necessária uma rede integrada que acompanhe o paciente no decorrer da sua vida, desde a atenção básica: prevenção, diagnóstico precoce, acompanhamento, cuidados; até intervenções de alta complexidade, principalmente cirurgias cardíacas, cateterismo etc. Os pacientes com agravos mais severos, recorrem às unidades de cardiologia intervencionista.
Analisando a Rede de Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade do estado, podemos observar que a grande concentração dos serviços está na região Metropolitana I (Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Nova Iguaçu), devido à rede hospitalar federal (hospitais federais ou nos institutos e hospitais universitários). A segunda região mais populosa é a Metropolitana II (Niterói), que conta somente com um serviço habilitado (Hospital Universitário Antônio Pedro). A Baixada Fluminense, por exemplo, com grande densidade populacional (3.778.113 habitantes - IBGE 2019), possui somente dois serviços habilitados.
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É importante o aumento de investimentos para a ampliação da rede de serviços de atenção cardiovascular no estado, principalmente nas regiões mais populosas. O Cosems RJ, entidade da qual presido, acompanha o cenário de desinvestimento pelo Ministério da Saúde na área, e já mobilizou instâncias do Legislativo e do Ministério Público para pressionar o Governo Federal a reverter essa grave crise.
Reforçamos também a responsabilidade dos gestores de trabalhar na captação dos usuários e nas ações de monitoramento, controle, avaliação e auditoria desta rede, seja em prestadores públicos ou contratados, justificando os aportes financeiros para o custeio desses serviços, e garantindo uma melhor oferta de procedimentos regulados e acessíveis para os usuários SUS.
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*É presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Cosems RJ) e Secretário Municipal de Saúde de Niterói