Eliomar Coelho, deputado estadual do PSOLDivulgação

Tenho sido provocado a pensar sobre a reinvenção para a “retomada” da cultura no pós-pandemia ou a partir da sua diminuição. Prefiro devolver com outras provocações: Retomar o quê? A forma de fomento à produção cultural que tínhamos antes no Rio de Janeiro para as periferias urbanas e interior não era boa. Faltavam espaços culturais, apoio básico e orçamento. Portanto, a referência não pode ser o quadro anterior.
Pensar no futuro de qual ponto? Há um ano e meio vivemos em uma pandemia. A vacinação segue aos trancos e barrancos. Uma nova cepa espalha o vírus muito mais rápido. Ainda temos urgentes e permanentes necessidades de distribuição de renda e de ações sociais. Se a necessidade é permanente, não há como se falar de ações emergenciais. Precisamos de políticas estruturantes. Quais providências o governo estadual está tomando efetivamente?
Publicidade
A Alerj tem feito a sua parte. Um bom exemplo é o Supera Rio, auxílio emergencial para o qual acabamos de aprovar uma verba extra para ajudar na compra do gás de cozinha. A Casa aprovou projetos diversos, entrou com recursos etc.
Parte da sociabilidade anterior a pandemia sofreu mudanças. Ou seja, vamos precisar nos acostumar com outras formas. Não houve isolamento social de fato, mas medidas paliativas. Ainda assim vimos mudanças de comportamento que afetaram diretamente a Cultura, seja pelo convívio, seja pelos modos de produção. Não podemos prever o que virá, vivendo na pandemia e suas consequências.
Publicidade
Vejamos a questão tecnológica: todos os dias aparecem novos produtos, mas que não estão acessíveis para a maioria. É balela falar no “poder na palma da mão”, telefones celulares com muitos recursos, quando há enorme exclusão tecnológica para boa parte da população. Se quisermos sair da cultura, pensemos no caso do ensino remoto e o abismo entre jovens das escolas públicas e privadas.
Na política, vemos um governo federal anticultural, mas que, ao mesmo tempo, promove uma guerra cultural. A atual gestão da Secretaria Estadual da Cultura tenta se equilibrar entre a política do governador e as pressões da sociedade civil e da Alerj. E nos governos municipais, salvo poucas exceções, o descaso com a cultura é regra.
Publicidade
O que precisamos é a retomada de investimentos públicos nos três níveis de governo que possibilitem a artistas e criadores respirar, literalmente; apoio à estruturação do setor nos municípios articulando vocações locais e desenvolvimento regional; apoio à formação técnica, seja para as artes – à juventude e outros, seja à gestão – para os técnicos, responsáveis e agentes culturais dos municípios; editais simplificados e permanentes para pequenos projetos nas mais diversas linguagens e regionalizados!
Haja reinvenção de vida! Mas dando condições, a turma da Cultura pode se reinventar fácil!
Publicidade
Eliomar Coelho é deputado estadual do PSOL-RJ e Presidente da Comissão de Cultura da Alerj