Alfredo E. Schwartz, presidente da AeerjDivulgação

O escritório da nossa Associação fica na Av. Rio Branco, esquina com a Rua Sete de Setembro, ponto de interseção das quatro linhas de VLT que cruzam o centro da cidade. Os veículos passam quase vazios, com os sinos e buzinas tocando sem parar, como para lembrar-nos de que ali são consumidos em subsídios enormes recursos que poderiam ser usados por exemplo para a revitalização de áreas degradadas, ou no pagamento dos restos a pagar que se acumulam. É preciso reconhecer que o programa VLT não obteve êxito, e deveria ser descontinuado.

Dados do Rio Transparente indicam que a diferença entre os investimentos orçados e os efetivamente destinados para a contratação e pagamento de obras de infraestrutura e conservação é enorme, e só faz aumentar à medida que os meses vão passando. Proteção de encostas, melhoramentos e desobstrução da rede de águas pluviais, recolhimento do lixo que se acumula nas margens dos cursos d'água, nada disso está sendo feito por falta de recursos.
Quando chegar a estação das chuvas, a população vai pagar o preço. E o VLT continuará circulando, buzinando e tocando o sino, porque os administradores públicos adoram festejar vitórias, mas se recusam a admitir fracassos.

Uma boa notícia com relação à nossa tão castigada cidade foi apresentada pela Prefeitura do Rio: a minuta de um Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, para ser debatida na Câmara Municipal. O plano tem seus prós e contras (que ainda estamos avaliando), mas só o fato de existir dá esperanças de que a situação comece a melhorar.

Recuperação de áreas degradadas, estimulando retrofit e construção de novas unidades residenciais mediante outorga onerosa do direito de construir em outras áreas, é uma das medidas propostas. Esse modelo já foi aplicado com sucesso em São Paulo e outras cidades do país.

É indiscutível que o prefeito Eduardo Paes, apesar de não gostar de pagar contas, é bom administrador. O secretário Pedro Paulo Carvalho conduz as finanças com razoável competência, ainda que atropelando a ordem cronológica obrigatória por lei e se valendo de subterfúgios para não pagar as dívidas liquidadas em exercícios passados (os tristemente célebres Restos a Pagar), enquanto assume novos compromissos.

Várias empresas podem entrar em recuperação judicial por conta do relatado acima, com contas a receber que ultrapassam, em muito, suas dívidas. Além disso, outras empresas com bastante presença no município não estão mais participando de licitações, pois não há certeza quanto ao pagamento. É preciso lembrar a importância do setor de Engenharia e Construção Civil na Economia. Em texto recente, Vinicius Benevides, diretor operacional de uma das empresas associadas da AEERJ, apontou que o caminho para a saída da crise que estamos vivendo é o setor de infraestrutura, pois movimenta uma cadeia de abastecimento que vai desde pequenas padarias até grandes siderúrgicas.

O setor é também parte fundamental na geração de postos de trabalho, em outra importante cadeia de produção, que começa com os serventes de obra, passa pelos carpinteiros, pedreiros, e assim por diante. É importante que a remuneração da base desta cadeia seja suficiente para proporcionar uma vida digna ao trabalhador e sua família.

Garantido esse sustento, os serventes passam a ter como objetivo progredir, passar a suboficiais, depois a oficiais e assim por diante. As empresas que investem no treinamento dos seus funcionários obtêm como resultado uma força de trabalho fiel e eficiente, e assim se destacam em um mercado disputado como o nosso.

Pratiquem distanciamento social, usem máscara e álcool 70%. Até o próximo artigo.
Alfredo E. Schwartz é presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)