Yedda Gaspar, presidente da Federação dos Aposentados do RioReginaldo Pimenta

Neste 1º de outubro, é comemorado o Dia Mundial do Idoso, mas, no Brasil, nós, idosos, temos mesmo o que comemorar? Se estivéssemos há 18 anos, em 1º de outubro de 2003, certamente estaríamos celebrando, já que, naquele dia, era promulgada a Lei 10.741, o chamado Estatuto do Idoso, com todos os avanços que a legislação nos trouxe.

Mas, voltemos a atualidade. O que encontramos neste 1º de outubro de 2021? Hoje, infelizmente, o nosso país é um dos que mais apresentam mortes por covid-19 no mundo e, dessas mortes, cerca de 70% são de idosos. Milhares de outras pessoas, as que sobreviveram, passam por sérias dificuldades, com sequelas, muitas vezes, sem recursos para a necessária fisioterapia do quadro pós-covid.
Hoje, também por conta das centenas de milhares de mortes de idosos pelo coronavírus, também assistimos a uma das mais cruéis consequências da famigerada Reforma da Previdência: o empobrecimento brutal e mesmo a miséria das viúvas que se tornaram pensionistas, com a queda de quase metade de sua renda mensal.
Se não bastasse, há deputados que estão tentando na Câmara Federal aumentar a idade do idoso, no Estatuto, de 60 para 65 anos, quando a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) define os 60 anos para países em desenvolvimento e 65 anos somente para os idosos dos países do Primeiro Mundo.
Será que o parlamentar que teve a ideia de mudar a idade no Estatuto acredita que o Brasil já se tornou país do Primeiro Mundo?
Por fim – e não poderia deixar de citar – o desemprego em massa, que obriga aposentados e pensionistas a voltar a sustentar filhos e netos, e uma inflação galopante, que atinge mais cruelmente os mais pobres, como a grande maioria dos aposentados e pensionistas do INSS, que recebem somente o salário mínimo.
Enfim, mesmo com a pandemia, nós, que escrevemos este artigo e os que o leem, ainda estamos vivos. E a isso, sim, podemos comemorar!
 
Yedda Gaspar é presidente da Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro