Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

Um dos motivos para se acreditar no Brasil é essa sociedade plural e preparada, no mundo acadêmico, no empreendedorismo, nas profissões liberais. Acima dos presentes nas mídias e nas eventuais funções públicas ou partidárias, existe um banco de talentos e de exemplos de real vocação para o interesse público, que carregam na alma o que se pode chamar de patriotismo, responsabilidade social e consciência fundada na realidade, não nos sonhos ou preconceitos.

O professor Paulo Baia é um caso a ser mostrado. Apesar da rica biografia de professor, sociólogo, pesquisador e gestor, militante das causas sociais e do exercício de relevantes funções públicas, é conhecido e reconhecido no mundo das ideias, da política, mas sem a divulgação que merece pelo exemplo de sabedoria em toda a sociedade.

O notável quadro da UFRJ vem da linha de brasileiros que o tempo transformou de estudiosos e pensadores em sábios. O amadurecimento os afastou de posições limitadas para um olhar mais isento das realidades num país com os dramas do nosso, na desigualdade, fruto da falta de políticas públicas de formação de mão de obra qualificada, de apoio à tecnologia e práticas do mundo moderno.
Perdemos há pouco Francisco Weffort, que nos deixou um legado de sabedoria e grandeza. Percebe-se, especialmente em oriundos de um pensamento marxista, que evoluíram para um pensamento que avalia o que deu certo em cada corrente em benefício da humanidade, dos mais necessitados. Pragmatismo no lugar de ideologias.

Paulo Baia é dos brasileiros que melhor conhecem nossa realidade, constituída de uma maioria de minorias. Temos de resgatar brasileiros marginalizados do processo de acesso à Educação, à Saúde, à igualdade de oportunidades, de uma vida mais digna.
Temos de admitir que precisamos de grandeza, humildade e sensibilidade e que temos ainda uma sociedade preconceituosa, mesmo que inconscientemente. Avançamos muito nas últimas décadas, mas temos um longo caminho a percorrer, afastados as posições radicais, os exageros e as atribuições de responsabilidades. Os excluídos são de responsabilidade de todos nós. Sem ressaltar este ou aquele segmento, apenas respeitando a todos. Pensar no futuro.

Em primoroso artigo em site acadêmico, Paulo Baia sugere como opção, em 22, a chapa Rodrigo Pacheco-Simone Tebet, que independentemente de ser a ideal ou não, reflete uma linha de pensamento fora dos radicalismos, das ideologias que não as do bom senso e do equilíbrio. É sábio, despido de inspirações que não o puro interesse nacional, em momento que precisamos desarmar espíritos.

Reunir cinco homens dessa envergadura, despidos de ambições que não a de servir, para orientar os atuais atores da política nacional, seria um grande ganho para todos nós.
Aristóteles Drummond é jornalista