Isa Colli é jornalista e escritora Divulgação

Quem não tem esperança, tende a sofrer mais. Viver com otimismo nos ajuda a ter forças para buscar soluções quando os problemas aparecem. A pandemia da covid-19, no entanto, nos testa quase que diariamente a buscar esse otimismo. Eu diria que desde fevereiro de 2020, quando o vírus se instalou no mundo, o maior desafio da humanidade tem sido manter a resiliência.

Cada vez que pensávamos que o cenário começaria a melhorar, surgia uma cepa diferente da doença. E assim tem sido nossa rotina, a cada nova onda da covid-19. A variante Ômicron está avançando rapidamente pelo mundo, fechando fronteiras e gerando novas restrições à atividade econômica. No saldo de um ano e 11 meses de pandemia, os efeitos sociais no mundo são devastadores, infelizmente.

Diante desse cenário, a insegurança alimentar desponta como uma das principais preocupações. Houve um agravamento dramático da fome mundial em 2020, que se estende por 2021. Um relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) e da OMS estima que cerca de um décimo da população global – até 811 milhões de pessoas – enfrentaram a fome no ano passado.

No Brasil, cenas chocantes que há muito não víamos voltaram a ocorrer: pessoas buscando alimentos em caminhões de lixo ou em meio a ossos e carcaças de animais. Dura realidade comprovada em números: a estimativa é que um em cada quatro brasileiros (23,5% da população) tenha vivenciado insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020. O crescimento é de 5,2% em comparação com o último período analisado, entre 2014 e 2016.

A situação só não é pior por conta da agricultura familiar, além de projetos de hortas comunitárias e de alimentação escolar, que nos trazem aspectos positivos. As modalidades ajudaram a população a driblar o desafio de manter uma dieta saudável no ambiente urbano.

E como otimista que sou, apesar de tantas mazelas, mantenho a esperança de que o próximo ano será melhor. Depois de tantos percalços, conseguimos garantir a imunização da maior parte da população brasileira e as estatísticas mostram queda no número de novos casos e mortes.

No entanto, não basta que os países individualmente imunizem suas populações. Para controlar a situação, é preciso haver uma mudança na distribuição de renda e de vacinas no mundo, porque senão o vírus continua circulando.

Também é fundamental não abandonar, pelo menos por enquanto, as máscaras. Especialistas ainda asseguram que elas são a maneira mais eficaz de prevenir a transmissão viral e, consequentemente, novas infecções. Para quem passou por tantas perdas e sofrimento nestes últimos dois anos, não resta outra atitude senão desejar que 2022 venha com um sopro de esperança e bons ventos para toda a humanidade.
Isa Colli é jornalista e escritora