Eliomar Coelho, deputado estadual do PSOLDivulgação

Nos despedimos de 2021, mais um ano muito duro para a Cultura e o povo brasileiro. Em 2022, teremos eleições decisivas para o futuro do país e do nosso estado, e a esperança por mudanças renova nossas forças para a luta que sabemos que não será nada fácil.
Mas 2022, além de nos esperançar, marca também o Centenário de 1922, um ano que é um marco no processo de modernização da Cultura e da sociedade brasileira. Então, em 2022 o debate sobre o desenvolvimento brasileiro se dará nas urnas e nas reflexões modernistas. Os marcos podem também ser avaliados a partir das suas consequências e de como lidamos depois com os seus legados.
A Exposição Internacional do Centenário da Independência, a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana e a fundação do Partido Comunista, aqueles na capital da República e esse em Niterói; e a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, bem como os inúmeros movimentos modernistas e revistas literárias e culturais em outros estados brasileiros, foram alguns dos acontecimentos que marcaram 1922 e nos transformaram para sempre.
Por outro lado, se em 1922 iniciou-se uma revolução cultural, ela continuou sendo nas décadas seguintes? Agora está em condições de superar algumas contradições dos movimentos e que falam dos seus tempos, aqueles e os atuais?
Vamos pensar juntos. Como trabalhadores rurais de um município do interior se veem – em relação à sua história e na atualidade – em determinadas obras de Candido Portinari? Como uma mulher negra ou um sambista se veem em Di Cavalcanti? Como os operários de hoje querem se ver – pensando no famoso quadro de Tarsila do Amaral – ou melhor, o que são os operários de hoje? O que é ser da classe trabalhadora em 2022? Como os grupos que antes eram objeto passam a ser sujeitos e querem se expressar?
Precisamos discutir o legado do Modernismo, da chegada do país à modernidade e da sua modernização, mas também o que fazemos no presente a partir desse legado e para superá-lo. Não podemos ser meros repetidores dos legados. E pensar que os legados não são neutros, puros, sacralizados, refletem as condições sociais, culturais, étnicas, políticas e econômicas dos seus tempos. Queremos discutir muito isso tudo em 2022, e, para isso, será muito importante a participação de todas e todos. Que venha 2022!
Eliomar Coelho é deputado estadual do PSOL/RJ e presidente da Comissão de Cultura da Alerj