Yedda Gaspar: No Dia do Aposentado, presidente feriu de morte a Previdência Social
É mais provável que seja mais um passo de desmoralização do sistema para, depois, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vir a público e tentar convencer a população de que a saída é a realização de um dos seus grandes sonhos: a privatização da Previdência Social
Yedda Gaspar, presidente da Faaperj - Reginaldo Pimenta
Yedda Gaspar, presidente da FaaperjReginaldo Pimenta
Não dá para acreditar que seja coincidência! Só pode, mesmo, ser um duro recado para milhares e milhares de trabalhadores que sonham com a aposentadoria no país e outros milhares que dependem dos serviços do INSS para garantirem os benefícios a que têm direito: justamente em 24 de janeiro, Dia do Aposentado, o presidente Jair Bolsonaro cortou R$ 988,03 milhões do orçamento da Previdência Social, como se afirmasse: para o meu governo, trabalhadores e aposentados não têm a mínima importância.
Ora, numa época em que a imprensa, todos os dias, noticia o caos nas agências da Previdência Social e do INSS, onde faltam condições humanas e materiais para análise de processos administrativos de concessão de benefícios ou de perícias médicas para a continuidade deles a centenas de milhares de segurados, o corte de quase R$ 1 bilhão nas receitas da instituição representa praticamente uma sentença de morte.
O pior é que, enquanto o presidente Bolsonaro se diverte com jet skis, motocicletas de altas cilindradas e passeios a cavalo, milhões de pessoas, tão ou mais brasileiros do que ele, veem o sonho da aposentadoria ou o direito à pensão ficar cada vez mais longe. E muitos desses cidadãos, já com benefícios cortados e dependendo de perícia médica do INSS, com dificuldades até mesmo para botar comida na mesa.
Não, o corte de tamanha quantia da Previdência Social, no dia em que, teoricamente, o aposentado deveria estar comemorando, não pode ser mesmo mera coincidência. É mais provável que seja mais um passo de desmoralização do sistema para, depois, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vir a público e tentar convencer a população de que a saída é a realização de um dos seus grandes sonhos: a privatização da Previdência Social.
Mas a Previdência – assim como o SUS – é pública e, enquanto tivermos forças para lutar, ela continuará assim de todos nós.
Yedda Gaspar é presidente da Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro (Faaperj).
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