Coronel PM Luiz Henrique Marinho Pires é secretário estadual de Polícia Militar do Rio de JaneiroDivulgação

A leitura dos gráficos dos indicadores criminais de maior impacto, mostrando a movimentação dos números nos últimos quatro anos no Estado do Rio de Janeiro, indica que o trabalho árduo das forças de segurança locais começa a produzir resultados. E indica também que, em 2022, estaremos em melhores condições para construir um cenário relativamente mais produtivo e promissor.
O levantamento anual do Instituto de Segurança Pública (ISP) não deixa dúvidas. A partir de 2018, quando a área de segurança do estado sofreu intervenção federal, até o final de 2021, os índices criminais estratégicos sofreram reduções expressivas. O declínio é observado tanto na incidência de crimes contra a vida, como homicídio doloso e letalidade violenta, quanto de crimes contra o patrimônio – roubos de rua, de veículos e de cargas.
Essa constatação é assegurada por especialistas do ISP, mesmo considerando que os números de dezembro de 2021 ainda não haviam sido consolidados até a primeira semana do novo ano. A redução da criminalidade deve ser motivo de comemoração, pois amplia a possibilidade de investimento em nosso estado e a consequente retomada do desenvolvimento econômico, gerando emprego e renda. Mas merece uma avaliação na linha do tempo – passado recente, presente e os próximos desafios.
É preciso reconhecer, primeiramente, a relevância da intervenção federal em fevereiro de 2018. O governo federal disponibilizou R$ 1,2 bilhão à equipe do GIF (Gabinete de Intervenção Federal) para investir na recuperação de recursos materiais das corporações da área de segurança pública. Foi um ponto de partida fundamental.
Vivemos, nos últimos dois anos, períodos atípicos em função da pandemia da covid-19, a maior crise sanitária dos últimos 100 anos. Em pelo menos quatro meses de 2020, houve um esvaziamento muito acentuado nos centros urbanos por imposição das autoridades de Saúde. Como esperado, o isolamento social interferiu na redução de algumas modalidades criminais, como o roubo de rua. Mesmo assim, no cômputo geral, os números de 2021 foram melhores do que os de 2020.
A começar pelo integral apoio do governador Cláudio Castro à área de segurança pública, muitos fatores importantes contribuíram para a queda contínua da incidência criminal no estado. Um deles é o trabalho integrado cada vez mais intenso entre as forças policiais e demais atores do poder público. No âmbito da Polícia Militar, temos ampliado o policiamento preventivo e ostensivo. Num exercício diário, dimensionamos a alocação de recursos a partir da leitura da mancha criminal.
Nosso planejamento está focado na prestação de serviço à sociedade e na segurança dos policiais. Para tanto, seguimos um roteiro bem definido: intensificamos o treinamento da tropa; investimos em novas tecnologias e ferramentas; fortalecemos a área de inteligência; aprimoramos os programas de segurança pública estratégicos; iniciamos o processo de recuperação das instalações físicas das unidades operacionais e de reestruturação da área de saúde da Corporação com a aprovação da lei que permite a contratação temporária de médicos e outros profissionais. E trabalhamos continuamente na formação de novos soldados e na recomposição de recursos materiais – viaturas, novos blindados, armamento, coletes balísticos, motocicletas…
O saldo operacional alcançado pela Corporação durante 2021 ilustra o esforço e a dedicação de todos. Somente os policiais militares apreenderam no ano passado 6.278 armas de fogo, entre as quais 288 fuzis; efetuaram 33 mil prisões de criminosos, apreenderam quatro mil adolescentes envolvidos em atividade criminosa e cumpriram quase 2.800 mandados de prisão.
O ano de 2022 chega nos impondo maiores desafios. Assim como um atleta olímpico que treina permanentemente para superar sua marca a cada competição, a Polícia Militar e as demais forças de segurança do estado têm a difícil meta de reduzir a incidência criminal além do que já foi conquistado nos últimos quatro anos.
Coronel PM Luiz Henrique Marinho Pires é secretário estadual de Polícia Militar do Rio de Janeiro