André Esteves - Diretor Executivo do Instituto Cyclusdivulgação

A qualificação profissional é uma forma de abrir oportunidades de ocupação. Os quase dois anos de pandemia modificaram significativamente a relação de trabalho. Novos modelos foram implementados e algumas tendências, antecipadas. Apesar de todas as dificuldades, esse foi um momento propício para adquirir conhecimentos, habilidades e, principalmente, atitudes.
Em mercados competitivos, buscar melhoria contínua e capacitação profissional adequada são instrumentos eficazes para o aprimoramento do colaborador. Importante termos clareza quanto à diferença entre qualificação e capacitação profissional. Embora semelhantes e complementares, denotam significados diferentes. Essas duas modalidades de formação de mão de obra, se bem desenvolvidas, e gerenciadas de forma estratégica, colaboram para a potencialização profissional e reduzem a possibilidade de escassez de novas atividades demandadas por um mercado cada vez mais dinâmico, volátil, globalizado, competitivo e tecnológico.
A qualificação está relacionada diretamente à formação dos profissionais, ou seja, o preenchimento dos pré-requisitos indispensáveis para que estejam aptos ao exercício da sua atividade. Neste contexto, falamos de escolaridade, cursos, experiências anteriores e todo o conhecimento necessário que ateste sua expertise em determinada área.
Várias matérias na mídia abordam, atualmente, a temática da falta de profissionais qualificados no Brasil, em quase todos os segmentos e regiões. Isso quer dizer que, mesmo com cerca de 14 milhões de desempregados, muitos destes não estão habilitados a exercer diversos tipos de funções disponíveis pela ausência da qualificação básica e exigida pelas empresas. No entanto, apesar de essencial como ponto de partida para a empregabilidade, a qualificação não representa, por si só, a especialização para desenvolver atividades específicas com resultados em alta performance.
A capacitação é o diferencial que vai agregar valor ao desempenho profissional através da preparação para uma atuação mais assertiva e eficiente, ampliando o acervo das competências e habilidades necessárias para o melhor enfrentamento técnico (hard skills) e comportamental (soft skills) exigidos por um mercado cada vez mais desafiador e concorrido. Treinamento e desenvolvimento são fatores críticos de sucesso nas organizações.
Portanto, é fundamental elaborar e executar políticas de formação, qualificação e capacitação profissional de forma estratégica e permanente. Ou seja, estando atento às vocações regionais, às tendências de mercado de trabalho e ao perfil do novo trabalhador. Desenvolvendo e fomentando o empreendedorismo. Despertando a curiosidade, quebrando paradigmas. Orientando e acolhendo as demandas locais. Encurtando os espaços entre a oferta e a procura. Criando sinergias. Estimulando a Economia criativa. Legitimando e disponibilizando os diversos serviços públicos para a população com a devida responsabilidade social.
Cada um fazendo a sua parte. O desafio é grande. Tem muita luz no fim do túnel. Falta qualificação e capacitação para chegar lá.

André Esteves é diretor-executivo do Instituto Cyclus e professor universitário