Julio FurtadoDivulgação

É hora de construir fortes alicerces, promovendo as aprendizagens essenciais que não foram construídas durante a pandemia. As escolas precisam entender que é chegada a hora de se romper com a pedagogia passiva que caracterizou a grande maioria das escolas até hoje.
Entende-se por pedagogia passiva aquela em que o estudante recebe passivamente o conhecimento e precisa reproduzi-lo ou aplicá-lo nas situações propostas. Nós, professores, aprendemos nessa pedagogia, mas, ao ensinar, precisamos mudar urgentemente esse paradigma.
Somos, quase todos, frutos de uma escola que tinha como prática a pedagogia passiva. É dela que herdamos ideias como ensinar é falar e aprender é ouvir. Esse modelo é resultado da arraigada crença de que o conhecimento se encontra, a princípio, na cabeça do professor e deve ser transferido para a cabeça do aluno. Sai da cabeça do professor através da fala e entra na cabeça do estudante através do ouvido.
É daí que vem a ideia de bom aluno ser aquele que presta atenção e ouve tudo que o professor diz e bom professor ser aquele que fala de maneira clara, ou seja, explica bem. Promover as aprendizagens essenciais que compõem um sólido alicerce para nossas crianças e adolescentes significa muito mais desenvolver competências do apenas ensinar conteúdo.
É possível aprender o conteúdo sem desenvolver as competências, por exemplo, quando sabemos resolver contas das quatro operações, mas não percebemos quando recebemos um troco errado. Conferir o troco é uma competência que depende, entre outras, da habilidade de fazer cálculo mental.
A escola pós pandemia precisa adotar uma pedagogia ativa em que os estudantes lidem com desafios que favoreçam a construção de aprendizagens significativas que, por sua vez, possibilitem novas aprendizagens. Isso se chama autonomia intelectual. Estamos falando de aulas em que os alunos tenham participação ativa na construção do conhecimento e não sejam apenas receptores de informações a serem repetidas ou instruções a serem seguidas.
O momento histórico exige uma escola que desenvolva uma forte noção de identidade em nossas crianças e ajude a construir as competências essenciais que os possibilitem seguir em frente aprendendo mais e melhor.
Júlio Furtado é escritor e professor