Economista Raul VellosoDivulgação/Inae
Com base em 2020, o grosso da dívida é com a União, e corresponde a 3,2 vezes a receita corrente líquida fluminense, sendo esse o maior valor da série disponível. Segundo a Deputada Martha Rocha, o valor atual da dívida é de nada menos que R$ 184 bilhões, daí o Estado ter de se enquadrar no Programa de Recuperação Fiscal – PRF, algo que alivia de um lado, mas aperta do outro.
Os altos gastos previdenciários são devidos a questões demográficas ou mera decorrência do que ocorre com os costumeiramente crescentes pagamentos aos ativos. Em 2007-17, e em termos reais, os gastos previdenciários do Rio cresceram absurdos 162,4%, enquanto a média estadual subia bem menos: 87,4%. Em contraste, o PIB real global, nesse mesmo período, acumulava uma queda de 6,6%. Ou seja, como é a arrecadação que, em decorrência da evolução do PIB, cria o combustível natural para financiar quaisquer gastos, tem existido uma completa incompatibilidade entre as trajetórias da receita e despesa.
Pior que isso, se nada for feito além de soluções pontuais, e com base nos estudos atuariais disponíveis, os crescentes gastos previdenciários acabarão provocando, em breve, a zeração do espaço para investir no orçamento do Rio, investimentos esses que já desabaram, em termos reais, de 10,5 bilhões em 2013-14, para R$ 1,1 bilhão em 2019-20, a preços de 2020. Estou refazendo minhas projeções, para em breve divulgar o ano mais provável dessa iminente zeração, caso nada se faça para evitá-la.
Conforme acima sinalizado, parte da salvação da crise carioca está vindo do aumento da receita média com royalties, que, a preços de 2020, haviam desabado de R$ 6,3 em 2007-14, para R$ 2,0 bilhões médios em 2015-16, e, ao final, tinham subido para a média de R$ 9,5 bilhões, em 2017-20.
Só que, como há pouco a fazer nessa área a menos de suavizar a curva de receita respectiva, há muito o que fazer em matéria de reforma previdenciária, entre outras ações correlatas.
São louváveis os esforços de André Ceciliano, Presidente da Alerj, com o apoio do Governador Cláudio Castro, em aprovar a obrigação de que 1/3 do aumento da receita anual de royalties seja destinado a investimentos. Isso garante um mínimo de investimento e refreia a tentação de destinar esses ganhos desde logo a gastos correntes menos prioritários, ainda que, para muitos, mais rentáveis politicamente.
Raul Velloso é consultor econômico
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