Arte de Kiko para o artigo de Ana Carolina Feldenheimer e Kelly Alves: Boa alimentação se aprende na escolaArte: Kiko

Matemática, história, português e comida de verdade. Atuar para que meninos e meninas aprendam, desde cedo, a fazer escolhas alimentares saudáveis deve ser o compromisso de todos que entendem a escola como espaço de formação. Um caminho para tentar reverter uma triste realidade que ameaça o horizonte do país.
Atualmente, uma em cada três crianças brasileiras sofre com obesidade ou sobrepeso, condição que pode levar a outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes, complicações cardiovasculares, alguns tipos de câncer e, como descobrimos nesses últimos anos, o agravamento dos casos de covid.
Uma questão de Saúde pública deste porte não pode ser tratada como mera questão individual ou mesmo familiar. Só com ações de Estado vamos transformar o ambiente alimentar, que atualmente, sofre com a influência das grandes indústrias produtoras de alimentos e bebidas. Um modelo que dificulta o acesso a produtos saudáveis e facilita o consumo de ultraprocessados, produtos com alto teor de açúcar, sal e gordura, que comprovadamente fazem mal.
Marcas consagradas de refrigerantes, sucos de caixinha, biscoito recheados e salgadinhos ocupam com suas estratégias de marketing nas calçadas, cantinas e refeitórios. Como resistir a tanto apelo? Será que os estudantes têm mesmo alternativa? Acreditamos que não e por isso apoiamos medidas protetivas como o PL 4198/21, em tramitação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que proíbe a venda de alimentos ultraprocessados em escolas públicas e particulares em todo o Estado do Rio de Janeiro.
Temos pelo menos três bons motivos para defender a proposta. Primeiro, porque consideramos fundamental que haja um alinhamento entre teoria e prática. Se, em sala de aula, estudantes aprendem como cuidar da saúde não faz sentido que, durante o recreio, se estimule maus hábitos alimentares.
Segundo é a importância de a escola ser um lugar de proteção e este aspecto não deve ser deixado de lado. Portanto, cabe a toda comunidade escolar evitar que crianças e adolescentes estejam expostos a produtos comprovadamente associados a doença e morte prematura.
Por fim, ao fechar as portas para alimentos ultraprocessados, a escola dá um passo importante para tentar mitigar o impacto da indústria sobre o poder de escolha do consumidor. Já que projeto prevê também a proibição de propagandas e outras ações dos fabricantes. Afinal, já temos espaços demais ocupados pelo discurso de marcas que não parecem preocupadas em arcar com o impacto negativo de um negócio bilionário, como vem mostrando a campanha Doce Veneno.
Deputados do Rio de Janeiro têm neste momento, a oportunidade de contribuir para a garantir a saúde e um futuro melhor para as nossas crianças. Se você apoia esta ideia, coloque sua opinião nas redes sociais, destacando a importância da aprovação do PL 4198/21 e, assim, faça sua parte para tornar o Estado do Rio de Janeiro um lugar mais saudável para todos os estudantes.

*Ana Carolina Feldenheimer é professora associada do Instituto de nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e membro da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

*Kelly Alves, nutricionista e consultora técnica em políticas públicas de alimentação e nutrição da ACT Promoção da Saúde