opia11julARTE KIKO

O Brasil parece cada vez mais um país de desmemoriados. Depois de tantos depoimentos, provas, devolução de altos valores, apartamentos com milhões de reais em cédulas, dinheiro nas cuecas de políticos, sítios... Tudo parece ter sido uma obra de ficção e ficou tudo por isso mesmo.
Ninguém nunca cobrou da Justiça que fim levaram os processos que libertaram Lula, por obra e graça de decisões de seu antigo companheiro de PT e da CUT Edson Fachin, já no STF. Os processos foram para Brasília e até agora nem uma sentença revista ou confirmada. A culpa já não é do ministro, mas da sociedade e do MP federal, que dorme no ponto, como se diz.
O presidente Bolsonaro fica falando mal do STF, mas é incapaz, assim como seus auxiliares, de cobrar as apurações e mostrar que um militante político não deve ir para os tribunais superiores encontrar acolhida para a impunidade. Afinal, no caso de Fachin não são especulações, e sim constatações, fatos públicos, como a indicação pela CUT para a Comissão da Verdade no Paraná, criada em todo o Brasil para ser um INPS de luxo para guerrilheiros da “luta armada” e suas famílias. Também assinou manifesto pró-Lula, outros esquerdistas notórios, assim como o jurista Fábio Konder Comparato. Outra manifestação do hoje ministro do STF foi para facilitar a desapropriação de terras. Apesar da longa sabatina, estava evidente que um militante não podia ter assento na suprema corte.
Não se fala muito menos sobre a incoerência de libertar tantos condenados e negar a domiciliar no início da pandemia ao deputado Nelson Meurer, que dias depois veio a morrer no cárcere. Não satisfeito com isso, o magistrado logo depois pediu reexame da avaliação médica de um político, que cumpriu parte da pena e estava na domiciliar, sem mobilidade, aos 89 anos.
O grupo político do presidente não foi capaz de cobrar na Justiça, no Legislativo, nos palanques, notícias sobre o destino do dinheiro devolvido pelos “anistiados” por Fachin. E muito menos procurar saber de quem são as propriedades atribuídas a Lula. Parece que foi tudo combinado para Lula ser candidato, fato que define mais da metade dos votos a serem dados a Bolsonaro. Há quem ache que, sem Lula, Bolsonaro poderia não ir ao segundo turno.
A Lava-Jato condenou, prendeu, confiscou e agora estão todos livres, leves e soltos. Ficou na cadeia o Sergio Cabral, que não teve nada com Petrolão, nem Mensalão, mas errou também..uriosidade é que Fachin, gaúcho, foi muito jovem para o Paraná e deixou no Rio Grande do Sul um irmão bem mais velho, Oly Fachin, homem público adorável, vereador em Cachoeira do Sul e deputado federal, no antigo PSD e
depois no PDS, presidente do Grêmio Futebol Clube, notário, homem de formação impecável. Como pode dois irmãos serem tão diferentes?
Aristóteles Drummond é jornalista