Yedda Gaspar: Consignado para o Auxílio Brasil aumentará a miséria de milhões de brasileiros
Yedda Gaspar, presidente da Faaperj - Reginaldo Pimenta
Yedda Gaspar, presidente da FaaperjReginaldo Pimenta
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Yedda Gaspar
Presidente da Federação das Associações dos Apo-sentados e Pensionistas do Estado do RJ
É incrível como em ano eleitoral as chamadas autoridades, apoiadas por políticos que só pensam em reeleição, pensem somente nas próprias reeleições, sem se importarem com as consequências de seus atos. Agora, por exemplo, o Senado acaba de aprovar Medida Provisória que libera o empréstimo consignado a quem recebe o Benefício de Prestação Continuada e, pasmem, o chamado Auxílio Brasil.
Enquanto o BPC paga cerca de R$ 1200,00, renda que cairá para cerca de R$ 660,00, se a pessoa usar os 45% do pagamento para pegar empréstimo, quem recebe o Auxílio Brasil ganha R$ 400,00 e, mesmo que passe para R$ 600,00, terá o nível de miséria aumentado, se pegar o empréstimo usando 40% de seu benefício por mês.
Ora, num momento de crise profunda, com desemprego em alta e grande parte da renda nacional já comprometida por empréstimos consignados e pessoais, possibilitar o consignado a quem recebe R$ 600,00 é um verdadeiro crime.
Se não, vejamos: Um cidadão que recebe o Auxílio Brasil resolve, por qualquer motivo, pegar um empréstimo consignado. Vai pagar, no mínimo, em 24 meses, cerca de R$ 240,00. Passa, então, a contar somente com R$ 360,00 mensais, ou seja, menos do que os R$ 400,00 que recebe hoje e que já não dão para nada.
E o pior é que todos sabemos que o dinheiro pego emprestado acaba logo.
Só o que não acaba é a miséria de quem pegou e o lucro astronômico dos bancos, que terão milhões de novos clientes sem risco de inadimplência.
Yedda Gaspar é presidente da Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro
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