Perita Renata Bento Divulgação

É possível que você esteja vivendo uma relação abusiva ou já tenha escutado que alguém próximo está enredado em um relacionamento tóxico. Muito se tem falado a respeito desse assunto nas mídias. Parece ser mais comum notar-se essa forma de vínculo entre os casais. Entretanto é importante ressaltar que um relacionamento abusivo pode ocorrer em qualquer tipo de relação humana e não necessariamente entre namorados ou cônjuges, mas também entre pais e filhos, irmãos, amigos, colegas de trabalho, entre outros.
Chamamos de relação tóxica “a forma assimétrica de se relacionar entre duas pessoas”, em que uma delas sofre intensamente com o modo de ser da outra e em nada se modifica a esse respeito. A pessoa sente-se aprisionada e emocionalmente dependente; tornando-se refém de um vínculo empobrecido, pouco criativo, pautado no sofrimento, no desrespeito e na falta de confiança e empatia.
Um dos envolvidos ativa no outro pontos específicos. Em psicanálise, podemos pensar se tratar de uma dinâmica destrutiva em que a doença de um necessita ou completa a doença do outro: de um lado, há alguém incapaz de sentir os sentimentos e as emoções, isto é, incapacitado de sentir compaixão, remorso ou culpa. Do outro lado, está alguém empático, preocupado, doador e que carrega em si culpa inconsciente, senso de obrigação e responsabilidade para com os outros e com a vida.
Trata-se de uma trama complexa encenada por uma dupla em que um se sente ameaçado e não consegue enxergar suas qualidades e potenciais e fica à espera de que o outro o perceba, o que não ocorre. As cobranças emocionais são acionadas e vira um círculo vicioso altamente destrutivo e difícil de sair.
Não é simples conseguir sair de uma relação tóxica, principalmente se existe vínculo econômico que acaba se misturando à dependência emocional. Nesse caso observa-se que as dificuldades mais comuns seriam: Econômicas, quando o parceiro (a) não é autônomo e independente; Emocionais e afetivas: relacionadas à dependência emocional, temor de ficar sozinho; Sociais: a relação abusiva tem por característica o isolamento do casal do seu meio social, afastando-se de amigos e familiares; Questões jurídicas: existe um nó emocional inconsciente na relação abusiva que cega a vítima que não busca ajuda ou desconhece as questões legais.
As pessoas envolvidas nesse tipo de relacionamento devem buscar apoio de seu círculo social e familiar bem como ajuda psicológica. Elas apresentam tendência a experimentar em suas vidas uma dose excessiva de sofrimento que as impossibilita de trocas afetivas mais ricas e verdadeiras e isso está longe de ser o que se procura, que é o amor.
Renata Bento é psicanalista, psicóloga, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro e perita ad hoc do TJ/Rj – RJ