André CecilianoDivulgação / ALERJ

Após a eleição mais polarizada e disputada desde a redemocratização, em que mesmo depois do resultado das urnas os ânimos permanecem exaltados entre setores que insistem em não reconhecer a derrota, uma pergunta paira sobre o Brasil: como vamos pacificar o país, distencionar o ambiente e criar condições para melhorar a vida do povo brasileiro?
Porque para o povo trabalhador que pega o trem e o BRT lotado todos os dias, que luta para dar dignidade e qualidade de vida a seus filhos, que busca desesperadamente um emprego e não tem tempo, dinheiro nem interesse em fazer manifestação pedindo golpe militar na frente dos quartéis, essas respostas precisam vir a galope.
A preocupação do trabalhador da Baixada, das periferias e das comunidades é a mesma, tenha ele votado no presidente Lula ou não: saber se vai conseguir pagar as contas e colocar comida na mesa; se o filho vai ter escola; se vai ter emprego, segurança, dignidade. Se haverá médico e vaga no hospital; melhoria no transporte público; se os preços no mercado vão diminuir.

É pensando nessas pessoas que a classe política responsável deve se unir a partir de agora. E, assim, superar este momento tão difícil, em que famílias inteiras estão divididas pelas diferentes opiniões políticas enquanto a vida real grita do lado de fora das nossas bolhas.

Na Presidência da Alerj nos últimos quatro anos, demos demonstrações claras de como é possível unir os diferentes e caminhar junto apesar de tudo. Muitos fizeram previsões pessimistas sobre a Legislatura 2019-2022, dizendo que o antagonismo direita x esquerda que emergiu das urnas em 2018 inviabilizaria o trabalho dos deputados. E isso, definitivamente, não aconteceu.

Tivemos discussões acaloradas sim, atravessamos um período conturbado, que incluiu uma pandemia e um impeachment de um governador no meio, e, ainda assim, sob a ótica do que era melhor para o conjunto da sociedade, construímos consensos onde havia dissenso. Ouvimos a sociedade civil organizada, trabalhadores, empresários, servidores, e avançamos encontrando saídas para os imensos desafios do Rio.

Não são poucos os exemplos. Entre as centenas de leis aprovadas, estão a criação do auxílio emergencial Supera RJ e o Vale Gás; a doação de verbas da Alerj para diversas áreas, sobretudo Saúde e a Segurança; a redução de impostos para setores afetados pela pandemia; a criação do Fundo Soberano com recursos extraordinários dos royalties do petróleo, e muito mais.

Tudo isso foi possível com muito diálogo. Ninguém foi discriminado ou silenciado por causa de suas escolhas partidárias. Trabalhando com responsabilidade, tendo como foco aqueles que estão na ponta e são mais impactados pelas decisões do governo, é possível construir consensos, reduzir a tensão e contornar a polarização. É isso o que precisamos ter em mente.

Não é mais sobre um lado, é sobre o futuro de 210 milhões de brasileiros. É hora de políticos, lideranças e formadores de opinião estarem juntos, com compromisso e responsabilidade, para virar a página da tensão eleitoral e olhar para a frente, para um horizonte de esperança e civilidade, pelo bem do Brasil.
André Ceciliano (PT) é presidente da Alerj