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Por Persante Baldoni
Independente de situações caóticas externas, ligadas a pandemia, governos ou questões sociais, existe uma parte da vida de cada ser humano que cabe única e exclusivamente a cada um decidir qual caminho seguir. Desta maneira vemos cada indivíduo tomando suas decisões, mesmo vivendo na mesma casa, no mesmo bairro, cidade ou país, de forma diferente do seu irmão, vizinho ou colega. Essas escolhas estão baseadas em experiências sensoriais-corporais-psíquicas exclusivas vivenciadas no decorrer da vida do sujeito que foram e são constitutivas de sua identidade, que vão se integrando paulatinamente até a construção daquilo que se pode chamar de personalidade. Tanto é assim que, se pusermos cem pessoas assistindo um teatro, e após solicitarmos que cada uma escreva um parágrafo sobre o que pensou vendo a peça, haverão cem parágrafos diferentes. É da natureza humana ser diferente.
A fase da primeira infância do ser humano pode ser considerada uma das mais frágeis de todos os animais: nascemos de maneira muito despreparada para enfrentarmos o mundo externo, e necessitamos de cuidados para longos anos. Esse desamparo pode ser considerado uma das fontes do sentimento de medo. Levando isto em consideração, quais seriam as possíveis reações as situações que originam medo?
Dentre essas reações possíveis poderíamos considerar dois grupos importantes: de um lado aquelas funcionais ou construtivas, que impulsionam a vida da pessoa para uma adaptação saudável ou até mesmo uma transformação geradora de fortalecimento; e de outro lado aquelas disfuncionais ou potencialmente destrutivas, que paralisam ou conduzem a pessoa para situações que aproximem-na da morte.
É sobre este segundo grupo de reações que gostaria de me debruçar, apesar do pouco espaço-tempo que tenho neste artigo. Dentre elas poderíamos citar reações associadas ao pânico, descargas psico-somáticas, ansiedade, palpitação, sensação de morte eminente ou de enlouquecimento, que geram uma paralisação geral e uma sensação de tristeza e questionamentos como: porquê isto está acontecendo comigo, com possíveis pensamentos suicidas associados.
Outra forma de enfrentar o medo pode ser negando sua existência: “nada pode acontecer comigo”. Desta maneira desconsideram-se os riscos e expõem-se de forma impulsiva e desnecessária a situações de perigo. Sem levar em consideração os limites, a onipotência encaminha a pessoa para a impotência.
Uma outra possibilidade seria o aumento da agressividade e do ódio. Deslocando aquilo que é incompreensível para alguém ou grupo de pessoas que supõem-se detentores do conhecimento mas que não o dividem, ou por outro lado para pessoas que se consideram as geradoras deste desconforto, de forma que o resultado final seria o mesmo: ataque ao outro e desejos homicidas.
Em tempos de pandemia e isolamento social, há um incremento do medo em nossas vidas. Não seria nosso destino pré-concebido pela maneira como cada um irá lidar com esses aspectos adormecidos e que ganham força suficiente para provocar ações?
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