Projeto tem um custo de R$ 174 mil, bancados pela Prefeitura de PetrópolisDivulgação/Ascom

Petrópolis - O trabalho de resgate da história do Palácio de Cristal teve nesta quarta-feira (28) sua primeira parte concluída. A equipe de arqueologia que faz o peneiramento em busca de descobertas desse quebra-cabeça histórico concluiu a análise dos 324 metros de trincheiras no aterro que compõe o jardim.
Um trabalho que teve início em maio e que já resultou em mais de duas mil peças encontradas. Entre elas, pedaços de louças inglesas usadas pela elite do século XIX, de stoneware — cerâmica que vinha, nessa época, da Alemanha, Bélgica e Holanda —, faianças mais brutas, ferraduras, vidros (que podem ser originais do palácio) e até um cachimbo de porcelana.

“É um trabalho minucioso, mas extremamente importante, de resgate da nossa história. Estamos ansiosos para ver o palácio aberto novamente, liberado ao público, mas sabemos que esta é uma etapa importante do projeto e que trará importantes informações sobre toda a história deste espaço. Estamos trabalhando para que tenhamos, o quanto antes, toda esta obra pronta, com toda a história encontrada neste terreno e a acessibilidade do espaço”, destacou o prefeito interino de Petrópolis, Hingo Hammes.

As escavações arqueológicas ao redor do palácio, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan e que foi inaugurado em 1884 pela Princesa Isabel, têm trazido à tona fragmentos do passado. “Encontramos materiais da primeira metade do século XIX, como fragmentos de louça inglesa. E, possivelmente, até do século XVIII”, diz Giovani Scaramella, diretor da empresa Grifo Arqueologia, que destaca que a partir de agora as escavações acontecem no principal acesso ao palácio. “Foi traçada a demarcação para uma nova trincheira. Está com um metro de largura, um metro e meio de profundidade e 25 metros de comprimento. É um trabalho mais minucioso, para buscar a história em camadas anteriores a construção e utilização desse espaço nos séculos passados”.

O que se espera dessa nova etapa de escavação é entender a formação do relevo original e como os aterros realizados ao longo de mais de 100 anos configuraram o espaço que conhecemos hoje. “Essa área pode ter recebido materiais de outros pontos de Petrópolis por ter passado por aterros. E esses aterros podem estar ligados a inundações na cidade e a remodelamentos da praça. Há ainda chance de terem levado junto louças de famílias que viviam em Petrópolis. O objetivo agora é fazer sondagens mais profundas próximas à entrada, indo além dos 60 centímetros, atingindo um metro e meio e chegando a materiais mais antigos, relacionados à história da praça”, informa o mestre em arqueologia Kedma Gomes, que veio de Lisboa e coordena desde maio os trabalhos no Palácio de Cristal.
Iphan acompanha trabalho arqueológico
Na manhã de hoje (29), uma equipe do Iphan acompanhou o trabalho de arqueologia. Fechado ao público desde 2019 para reforma nos sanitários e de melhoria na acessibilidade e no projeto elétrico, com intervenções no jardim, a obra foi embargada pelo Iphan em fevereiro de 2020. O projeto tem um custo de R$ 174 mil, bancados pela prefeitura. As obras de atualização do monumento são orçadas em R$ 875 mil.

Tudo que foi recolhido no jardim do Palácio de Cristal até o momento vai passar por análise em um laboratório em Mendes, no Sul Fluminense. As análises ajudarão a contar o passado de cada peça. Podendo dizer, inclusive, se há possibilidade de que algumas delas tenham pertencido à família imperial.